Friday, March 30, 2007

bom dia

- Hi ya!
- How're you?
- Not bad...

Wednesday, March 28, 2007

a minhoca e a pega rabuda

Acho que uma das coisas de que mais gosto aqui é a natureza. Os campos são verdes, com manchas amarelas e roxas das flores que começam a despontar, e há imensos corvos, gralhas e pegas rabudas a voar pelo ar. Hoje vi um esquilo e ontem um coelho a saltitar. E como não se dá o valor que é devido aos invertebrados, aqui fica a referência às toneladas de minhocas que encontrei, a aproveitarem como podem a chuva e a humidade.

xana

Hoje a Xana faz anos. Quando ela nasceu, a mãe dela decidiu dar-lhe o nome de Maria Inácia. O som do nome dela não deve ter soado muito perceptível aos ouvidos da pequena Joana. Sem saber muito bem o que é que eu andava a balbuciar, demorou um pouco a perceberem exactamente que Xana era o novo nome de Maria Inácia. A trabalhar há mais anos em minha casa do que eu tenho de idade, trocou-me as fraldas e aturou-me as birras de adolescente, enfim, cresci com ela. Gosto muito da comida dela (ensopado de borrego e a sopa de cação são as minhas preferidas), e em Glasgow faz-me muita falta a comida que ela nos prepara semanalmente. A Xana é, e com muito carinho o digo, a minha terceira avó.

Cresceu no campo e trabalhou de sol a sol durante anos, nos longos latifúndios alentejanos. “O sol nunca mais desaparecia”, disse-me ela um dia. O Corda, o marido dela, começou a guardar perus aos 4 anos, estando mais que provado que a idade da inocência é só para aqueles que têm esse privilégio. Têm duas filhas e 5 netas, e fico muito feliz por ver que hoje eles podem gozar uma reforma merecida, passear por esse mundo fora e ver coisas bonitas.

No outro dia falei do Miguel Torga e dos transmontanos. Hoje fica a referência a dois grandes livros sobre o Alentejo e a vida daqueles que lá vivem: Levantado do Chão, de José Saramago, e O pão não cai do céu, de José Rodrigues Miguéis.

Monday, March 26, 2007

oh maria, afinal... - parte II

Byres Road, West End Buchannan Drive


Rio Clyde

Ashton Lane


12 ºC, sol, vai um gelado?

Jardim Botânico

morangos de sabrosa

Quando perguntam ao meu pai de que terra é, ele costuma responder que é de uma pequena aldeia que nem sequer vem no mapa. Depois de insistir, ele lá responde que é de uma aldeia chamada Donelo, Concelho de Sabrosa. Foi de lá de tão longe que vieram os morangos que comprei ontem no supermercado, para matar saudades do creme de limão.
Donelo é uma pequena aldeia junto ao Douro, terra de gente fiel e dura (quem leu Miguel Torga percebe melhor o que é um transmontano, acho eu), de canalha a brincar no adro da igreja e a amadurecer ao ritmo das vindimas. Costumávamos passar lá as férias da Páscoa e uma outra semana no Verão. E o que nós adorávamos brincar com o meu avô António, sempre pronto para as nossas tropelias. Tenho muitas saudades dele, do imenso carinho que ele tinha quando brincava comigo e com a minha irmã, das engenhocas que ele construia, dos passeios que dávamos por entre as vinhas. Lembro-me que ele costumava fazer-nos uma espécie de gaita a partir do caule de uma planta (que já não me lembro qual); lembro-me de uns peixinhos do rio e de uma broa de milho que comi com ele numa tasquinha na Régua, junto ao rio Douro; e ainda (lembranças emprestadas) de passar por nós um burro quando estávamos a passear e eu dizer ao meu avô "olha, vô, um mémé". Ao que ele respondeu, que não, que era um burro. Mas eu, de tanto insistir, lá o convenci que era de facto, um mémé. Esta história é sempre contada para (re)provar a minha teimosia.

la pasionaria


Nas minhas deambulações por Glasgow fui surpreendida por uma estátua em homenagem a Dolores Ibarri, La Pasionaria, e por um tributo aos homens e mulheres do Reino Unido que foram para Espanha combater o Fascismo Franquista. Foram mais de mil, 534 foram mortos, dos quais 65 da cidade de Glasgow.
Ontem tinha a intenção de escrever sobre esta grande mulher que foi Dolores, porque fiquei emocionada ao encontrar esta referência no meio do nada, simplesmente uma estátua junto ao rio, ali, presente. Por ficar a saber que houve gente que foi lutar pela causa de outrém lá longe, mas que tomaram como sua.
No dia em que soube que Oliveira Salazar foi eleito o melhor português de sempre, escrevo contra o esquecimento. Porque o Fascismo existiu, e porque era tão cruel e opressivo que mobilizou a luta e resistência de tanta e tanta gente pelo mundo fora, num movimento internacionalista solidário, e que sonhava com um mundo mais justo.
Mas parece que agora não existiu o Fascismo em Portugal. Que Salazar fez isto e aquilo. Nem consigo pôr em palavras, nem tão pouco imaginar argumentos para defender o absurdo. Só pensei na minha avó Adelaide e em todos aqueles que lutaram e sofreram com os 49 longos anos de Fascismo. E fico triste, imensamente triste.
Mas é hora de celebrar Abril, marchar contra a desilusão deste mundo cheio de guerra e com tantos outros fascismos disfarçados. Marchar pela esperança, pela paz, pela alegria, e por mais mil cravos lançados numa outra madrugada de Abril.

Wednesday, March 21, 2007

pode alguém ser quem não é?

Por muito que as nossas coordenadas geográficas se alterem, é preciso fazer um esforço para não transportarmos as nossas rotinas além-fronteiras. E para estar de olhos bem abertos: desliguei a televisão, comprei uma mão-cheia de livros e tenho aceite os convites para saídas que entretanto surgem. Este fim de semana vou a um concerto "Rock the Boat", com DJs e bandas locais.

Tuesday, March 20, 2007

concentração no Rossio, hoje, às 17.30

Quatro anos de ocupação, quatro anos de resistência

Só a resistência nacional e popular representa o povo iraquiano

O Iraque está ocupado há quatro anos em violação de todas as regras do direito internacional.
O povo iraquiano, cada vez mais distante da democracia, da liberdade e da paz, não pode exercer o seu direito de autodeterminação debaixo de ocupação militar.

Um governo a mando dos ocupantes e um parlamento sem representatividade fomentam a violência sectária, degradam a vida da população a níveis de miséria extrema e entregam os recursos naturais do país aos invasores.

Mais de 650 mil mortos civis causados pela guerra são a prova de que a ocupação é a pior das ditaduras.
Os EUA perderam a guerra, mas farão uso de todos os meios para limitarem os danos da derrota.

O alargamento do palco da guerra é uma via que Bush tem sempre sobre a mesa. Todo o Médio Oriente e a África do Norte estão ameaçados de violência pelas ambições norte-americanas.
Bush tem contado – no Iraque, na Palestina, no Afeganistão, no Líbano e agora na Somália – com a colaboração ou a complacência da União Europeia, tornada assim responsável pela impunidade das agressões armadas conduzidas ou fomentadas pelos EUA.

Não há solução para o Iraque sem restabelecer a plena soberania do povo iraquiano em todo o território do país. Nenhum eventual acordo dos EUA com as potências da região pode substituir-se aos direitos do povo iraquiano.

Apenas a Resistência Iraquiana representa esses direitos e, por isso, tem poder e legitimidade – tanto no terreno, como à luz do direito internacional – para pôr fim à ocupação e recolocar o Iraque no caminho da paz e da estabilidade.

Está na hora de as autoridades portuguesas mudarem de política.
Diante da derrota dos EUA, mais clamorosa ainda se torna a cumplicidade mantida com a administração Bush.

Cumpra-se a vontade da maioria da população portuguesa: não aos crimes de guerra, não às violações do direito internacional, não a Guantânamo, aos voos da CIA e às prisões secretas, não às agressões e ameaças militares – que se tornaram instrumentos correntes da política dos EUA.
A política expansionista dos EUA pode ser derrotada.

O único caminho é levantar um movimento de opinião pública activo contra a guerra. Exijamos:

Tropas de ocupação fora do Iraque.

Plena soberania do povo iraquiano.

Solidariedade com a Resistência nacional e popular.

primavera

Monday, March 19, 2007

neve!

Ontem nevou, mas não o suficiente para a neve se acumular no chão. Ainda assim, foi muito bonito!


international pot-luck supper

Este sábado tive um jantar com os meus colegas de laboratório, na casa da Eileen, a chefe do departamento. Como nos últimos meses tem chegado muita gente nova, ela achou que seria uma boa oportunidade para que nos pudéssemos conhecer. Achei uma excelente ideia! Como era um jantar internacional, cada pessoa deveria levar um prato típico do seu país. Eu levei arroz doce (com a ajuda preciosa da Ermelinda, até ficou comestível!) e um pastelão (ou tortilha, como queiram), representando assim a Península Ibérica.

Estava muito contente com o jantar e talvez um bocado ansiosa, e sempre que isso acontece, a joaninha que há mim resolve dar um arzinho de sua graça. A Barbara e o Alan foram buscar-me a casa, e lá vou eu com o pastelão e o arroz doce, quando uma rajada deste vento do inferno leva a folha de alumínio que cobria o arroz doce. Não sei como, mas quando olhei para mim havia arroz doce por todo o lado, no casaco, no cachecol e... no Alan! Mais uma história para o meu vasto currículo trágico-cómico.

O despojos do arroz-doce chegaram festa e parece que foi aprovado pelos convivas. A noite foi divertida, são todos muito simpáticos e descontraídos.

da esquerda para a direita: Nick (colega de gabinete, Malásia), Martin (Zâmbia), Buddnini (colega de gabinete, Sri Lanka), Wei (China)

Da esquerda para a direita: Vicky, Steven e James (escoceses)

Da esquerda para a direita: Martin, Eileen (anfitriã) e Buddnini

Friday, March 16, 2007

já domino a cena das tupperwares

Estes escoceses alimentam-se a sandes, a chá e pouco mais. Almoçam na tea room, como já contei, e são poucos aqueles que vão à cantina da faculdade. Já andei por lá a espreitar e nada de haggis, há pouco mais que o prato nacional, a bela da sandes... É assim que todos os dias venho com a minha home made food (sim, a minha sopa não vem das latas) em duas tupperwares. Não se comparam às da Xana (que saudades), há ainda um longo caminho a percorrer, mas têm dado para desenrascar.

Tenho saudades de beber café e de almoçar longamente. O chá tem sido o substituto da cafeína e até já tenho a minha chávena!

Thursday, March 15, 2007

look who's coming to town


Diana Ross e Dolly Parton, que mais posso eu pedir?

oh maria, afinal... - parte I

o rio




campos verdes


mais campos verdes

É por aqui que passo todos dos dias, é tão bonito! Vale a pena a viagem, não acham?


que catita é a minha casa na escoce












Não tirei fotografias à casa de banho, mas não tem alcatifa :) Já a entrada no prédio está toda forradinha!



Wednesday, March 14, 2007

radar continua apurado

Se houver um maluco num raio de 500 metros à minha volta, a probabilidade de eu o encontrar é enorme. No passado domingo decidi pegar em mim e ir ao centro da cidade, de autocarro, porque tinham-me dito que era longe do meu apartamento. Como não queria perder-me, e para não apanhar o primeiro autocarro que me aparecesse à frente (como fiz acabadinha de chegar de Estremoz a Lisboa), decidi perguntar a uma senhora, também ela na paragem à espera de autocarro, e que me pareceu inofensiva q.b. Assim era, de facto. E também muito devota de Deus Nosso Senhor e convicta da necessidade de espalhar a Palavra. “Costuma ir à Igreja, quer vir comigo?”. E eu, cobardemente, “Vou às vezes, de vez em quando, mas se calhar fica para a próxima”. Ainda me tentou convencer a ir para um grupo da Igreja de apoio a jovens, enfim, foi uma viagem que só visto. No caminho de regresso a casa perdi-me e andei uma hora e meia sem saber muito bem onde estava. Deve ter sido castigo divino por ser tão descrente.

poduzimos trabalho científico, queremos contratos de trabalho

ABIC promoveu uma discussão alargada sobre alterações ao estatuto dos bolseiros de investigação. Desta discussão resultou um documento consistente que a ABIC convida à leitura: http://bolseiros.org/pdfs/PAEBI.pdf

Nesta proposta, já enviada à tutela, é central a ideia que "um investigador, mesmo na fase inicial da sua carreira (conforme definido na Carta Europeia do Investigador), produz trabalho científico. Impõe-se pois, antes de mais, este reconhecimento através da celebração de contratos de trabalho."

A adopção de contratos de trabalho abre acesso ao regime geral de segurança social, desencoraja a utilização abusiva da figura de bolseiro para preencher lacunas dos quadros e satisfazer necessidades dos serviços, e sublinha ainda o inegável carácter laboral da actividade, sem ignorar uma componente de formação, inerente à actividade científica. Todos os que concordarem com o proposto são também convidados a assinar a petição online: http://www.bolseiros.org/PAEBI.html

Divulgem esta proposta e o abaixo-assinado entre os vossos colegas e todos os agentes nos seus locais de trabalho. É importante que possamos divulgar a nossa proposta e reunir o máximo de apoio por parte da generalidade da comunidade científica e da comunidade em geral.

aleluia, já tenho Internet

Já tenho Internet no meu gabinete e os posts vão aumentar a olhos vistos! Para além de poder passar a escrever com acentos!! Que alegria, bem maior do que ter alguém a autoclavar-me as coisas!

Tuesday, March 13, 2007

primeiro dia de trabalho

Começar num laboratório novo não é tarefa fácil. Saber onde estão os reagentes, os materiais, os aparelhos... Fiquei tão feliz quando vi uma Beckam igual àquela que temos no laboratório :) Bem, a Beckam é uma centrífuga e, para aqueles que precisam destas coisas, faz falta como pão para a boca (ou é água, nunca sei)! Mas por estes lados há mordomias às quais não estou habituada. Então não é que por aqui autoclavam-nos as coisas?

Monday, March 12, 2007

a vossa casa em Glasgow

Serão muito bem recebidos aqui na Escoce, com direito a visita guiada aos pubs e outras maravilhas do país dos kilts!

tea room

No departamento há uma sala, a tea room, onde temos um frigorífico para guardar comida, e claro, onde podemos ler o jornal enquanto bebemos o inevitável chá. Para mim é um lugar que mais parece vindo de outro mundo, porque não consigo (pelo menos não tenho conseguido) perceber as inúmeras conversas que por lá se passam. Não é inglês, não, pelo menos não parece ser. É Glasgowsiano.

senhores de kilt

Já vi senhores muito simpáticos de kilt, sim senhor, apesar das rajadas de vento gelado e da chuva teimosa que está sempre a aparecer. Parece que por aqui a chuva não entra na equação, e depois do ter partido o meu frágil guarda chuva, parece-me uma opção mais acertada um simples gorro na cabeca. Penso que andei mais nesta última semana do que em alguns meses somados em Lisboa. 35 minutos é o tempo que demoro a chegar ao laboratório, mas vale a pena. Nos arredores da faculdade há campos verdes, cães a correr e um belo rio. Para o centro da cidade, o caminho é mais longo, talvez uma hora. Glasgow é uma cidade bonita e cheia de gente a passear pelas ruas principais ao fim de semana. Algumas de kilt, é só vir cá e ver.

Monday, March 5, 2007

o primeiro post - the arrival

A chegada à Escoce foi um choque! Primeiro, o choque térmico. Segundo, o choque das saudades e a ausência de caras conhecidas. Já me perdi nas andanças por terras escocesas, mas acho que a pouco e pouco, estou a encontrar-me. Assim veremos.