Wednesday, May 30, 2007

greve geral e internacional




para a menina Rainha, uma salva de palmas

Esta segunda foi feriado nacional no Reino Unido, para celebrar o nascimento da Rainha Isabel II. A data não corresponde à data em que a Senhora Rainha nasceu (21 de Abril de 1926) e varia de acordo com o país da Commonwealth. Eu, como boa republicana, fui trabalhar :)

Wednesday, May 23, 2007

ensinamentos para a vida

Hoje fui a uma palestra de um investigador da Universidade de Cardiff sobre o desenvolvimento de vacinas terapêuticas contra o HPV. A proposta de vacina está agora na fase I dos ensaios clínicos, mas atenção que o trabalho teve início em 1991! É nestas alturas que o título da minha tese de doutoramento parece ter um quê de ficção científica, eu que só ando nestas andanças há dois anos... Achei muita graça a uma citação que o investigador contou sobre as agruras de quem trabalha em imunologia, com a qual eu me identifico totalmente. Foi qualquer coisa como "the day I think about immunology is the day I consider accountancy as an alternative career". Felizmente fiquei com uma ideia a germinar que pode ser útil na minha cruzada. Foi um bom dia.

Monday, May 21, 2007

mais uma

No sábado fui ao laboratório para participar online numa reunião da ABIC e quando ia a caminhar, de regresso a casa, aconteceu-me uma coisa, digamos, invulgar. Imaginem um ponto cor-de-rosa (o meu casaco quentinho, comprido, que tem sido a minha salvação contra a intempérie escocesa), com caracóis, a andar muito depressa. Já têm a imagem nas vossas mentes? Ok, prossigamos. Lá vou eu, com o meu precioso iPOD, quando um autocarro pára e o motorista me pergunta se eu quero boleia (não, eu não estava na paragem e não, não fiz nenhum sinal ao motorista). Abanei os ombros e disse, Claro, e entrei. O autocarro estava cheio de gente que ficou a olhar para mim, eu corei mas não comprei bilhete… Era uma boleia, certo? Enfim, lá fiquei no autocarro a pensar porque raio é que me acontecem coisas destas e saí na paragem a seguir, despedindo-me do motorista com um sorriso e um Cheers.

campeões, campeões!

Saturday, May 19, 2007

a outra bebida nacional da escoce

Qual whisky, qual quê, Irn-Bru é a outra bebida nacional da Escoce. Começou a ser produzida em 1901, é famosa pelos seus 32 ingredientes secretos e pela gritante cor laranja. Até vende mais que a coca-cola!

Friday, May 18, 2007

the king is dead

The king is dead noticiaram os jornais quando Tony Blair anunciou o seu afastamento como primeiro-ministro, dizendo que sempre fez aquilo que achava estar certo e que dez anos à frente do Reino Unido eram suficientes para ele e para o país. Gordan Brown é o senhor que se segue, à boa maneira monárquica. O Sr. Blair continua a dormir tranquilamente, reafirma a decisão que tomou de apoiar os EUA na “guerra contra o terrorismo” e presta a última vassalagem ao seu bom e eterno amigo Sr. Bush. A mim apetece-me dizer que O rei vai nú.

scottish word of the week

ratty or crabbit, em português falando, mau feito

ouvidos mais atentos

A minha paixão sempre foi ler, desde pequena que devoro livros. Comecei a gostar de ler com a Alice Vieira e com a Ana Maria Magalhães e a Isabel Alçada. Lembro-me que meu pai comprava-me, por exemplo, 2 ou 3 livros da colecção Uma Aventura, mas ia-me dando um a um, para me ensinar a apreciar a leitura e a ler devagar. Não resultou. Quando apanho um livro que gosto, sou obsessiva e não consigo parar, vivo a vida das personagens como se elas de facto existissem e fico triste quando o livro chega ao fim. O meu tio Zé (irmão da minha avó Adelaide) tinha na casa dele, em Coimbra, uma sala que parecia uma biblioteca, quatro paredes com estantes forradinhas com livros. Tenho a imagem dessa sala gravada na minha memória, acho que pelo facto de achar extraordinário ter a sorte de ter tantos livros à espera de serem lidos.
Esta conversa toda serve também para dizer que a música nunca foi um grande amor, em parte pelo facto de não ter tido tanto acesso ou talvez curiosidade por esse mundo. Isto mudou quando a comecei a ir a concertos com a Sara, a ouvir a música que ela me emprestava, e também quando conheci a Eunice e o João e os ouvia a falar, aos três, com tanto entusiasmo sobre grupos que eu não conhecia e que aprendi a gostar. Percebi que um concerto pode ser tão belo como um livro e que vale a pena andar com os ouvidos mais atentos. Longe de bater o recorde de concertos do Dr. Faria, no final de Junho vou dar um pulo a Belfast para ver os Belle and Sebastian, em Julho está marcado o Indian Summer Festival e em Setembro o Richard Hawley.
Há quatro anos certamente não iria a tantos concertos, em parte porque já não sou a patinha que era, mas certamente porque tenho uns amigos bestiais com quem tenho aprendido tanto. Tenho saudades vossas, de dizer disparates e de jogar Tabu três dias seguidos.

Monday, May 14, 2007

típico

Não bastava o facto de ser o segundo fim-de-semana consecutivo em que tive que trabalhar. Não bastava o facto de ser a única pessoa no departamento a trabalhar. Estava eu quase a pôr um fim ao que tinha vindo fazer ao laboratório, só tinha que semear as células para o dia seguinte, quando começo a ouvir um alarme. Primeiro pensei que era um alarme de um dos aparelhos do edifício, mas quando começou a tocar muito muito alto percebi que era o alarme de incêndios. Toca a arrumar as coisas e ir embora, pensei eu, e assim o fiz. À minha espera, prestes a entrar no prédio, estavam cinco bombeiros, devidamente equipados, mais a polícia, enfim, o aparato todo. Apesar de ter sido um alarme falso apanhei um grande susto, mas não deixou de ser um pouco humilhante, ou não tivesse sido eu a única pessoa a evacuar de um edifício deserto.

Friday, May 11, 2007

artes culinárias

Quando fui a Portugal na Páscoa trouxe comigo um quilo de bacalhau. Emigrante que se preze tem no bacalhau um amigo, certo? Pois digo-vos que é um regalo chegar a casa e poder comer bacalhau à brás ou bacalhau assado no forno. A questão problemática é não esgotar o stock depressa demais! Enfim, as minhas qualidades de cozinheira têm crescido exponencialmente deste que aqui cheguei e este fim-de-semana dediquei-me a fazer arroz de pato. Sim, cozinhei o Sr. pato, desfiei-o e fiz o arroz. Ficou bom, ou terá sido porque fechei bem os olhos e imaginei que estava a comer o arroz de pato da Ermelinda?

Thursday, May 10, 2007

thistle

Um dos símbolos nacionais da Escoce é o thistle, a par da bandeira ("saltire", que representa a cruz de St Andrew, patrono da Escoce), do kilt (ou tartan, ainda não sei a diferença) e das jóias da coroa. Aquando de uma invasão escandinava, o alerta foi dado pelos gritos de dor dos invasores ao pisarem esta flor, bonita mas cheia de picos.

scottish word of the week

WEE adj. 1. Small, tiny, little, restricted in size (Sc. 1710 T. Ruddiman Gl. to Douglas Aeneis, 1808 Jam.). Gen.Sc. Compar. weeer, superl. weeest, weeist, wiest. Freq. used redupl. as wee, wee, and with other dim. words, little wee, wee sma, teeny wee, and with (or in place of) dim. forms of the n. in -IE, -OCK. Deriv. weeness, smallness, small size

Thursday, May 3, 2007

o concerto

Gostei muito do concerto. Mas já lá vamos. Cheguei bastante cedo e não é que dei logo de caras com o Bill, o próprio? É tipicamente uma situação em que o avançado tem pela frente a baliza escancarada, sem guarda-redes, pode marcar golo até a fazer o pino, e falha redondamente e miseravelmente. Pois é, nem esbocei um tímido hello, quanto mais um nice to meet you, like your music.
O ABC parece-se muito com o Ritz Club em Lisboa, é pelo menos o melhor equivalente que consigo arranjar, tem um bar e as pessoas ficam simplesmente a beber e a ouvir música. Estive a ouvir o Bill a não mais que 10 passos dele, e a voz dele ao vivo é, de facto, impressionante. Tocou quase todas as músicas do álbum, com arranjos muito bonitos e diferentes do gravado, e algumas músicas dos Smog.
O rapaz não fala muito entre músicas (um mero thanks foi o que se ouviu), tem um olhar quase inexpressivo ou circunspecto, foi bebericando o que me pareceu ser vinho branco, e sorriu timidamente para a banda, por duas ou três vezes. Mas mesmo no final, exactamente antes da última música, depois de ouvir a lista de pedidos dos mais acérrimos, disse qualquer coisa como “This is the last song I’m going to sing tonight, but don’t worry, one thing I've learned in the last 20 years is that I can wrap things up. That and the fact that my voice, in the morning, looks like George Bush’s voice”. E demonstrou, entre risos, como era capaz de fazê-lo. Muito, muito bom.

Tuesday, May 1, 2007

viva o 1º maio

"Goddamn reds us driving' the country to ruim", he says, an' "We got to drive these here red bastards out". Well, there were a young fella jus' come out west here, an' he's listenin' one day. He kinda scratched his head an' he says "Mr. Hines, I ain't been here long. What is these goddamn reds? (...) A red is any son-of-a-bitch that wants to win thirty cents an hour when we're payin' twenty-five!"(...) "Well, Jesus, Mr Hines, I ain't a son-of-a-bitch, but if that's what a red is - why, I want thirty cents an hour. Ever'boby does. Hell, Mr Hines, we're all reds".

in Vinhas da Ira, John Steinbeck

temos vacinas?

Os plasmídeos estão bem, UPI! Agora é fazer figas para eu sair da Escoce, que bom que seria, com uma promessa de vacina :)

ai ai

O Adriano tem um ensinamento muito válido, que é mais ou menos assim. Uma pessoa que queira fazer uma carreira em ciência, das duas uma: ou é um génio, com sorte, e as descobertas vão aparecendo, ou tem que primar pela persistência e constância para conseguir resultados. A isto eu acrescento um coração e uns nervos de aço. Eu encaixo na segunda opção: acredito na regularidade e no trabalho, mas falho nos outros pré‑requisitos. Hoje estou à espera de ver como é que estão os meus plasmídeos para poder começar com as experiências com os ratinhos e estou à beira de um ataque de nervos… Por isso, toca de mandar pensamentos positivos aqui para a Escoce, que só de pensar em ter que fazer tudo de novo…