Saturday, January 26, 2008

em repeat




gospel, the national

a matéria dos sonhos

"A realidade é dolorosa e imperfeita", dizia-me, "é essa a sua natureza e por isso a distinguimos dos sonhos. Quando algo nos parece muito belo pensamos que só pode ser um sonho e então beliscamo-nos para termos a certeza que não estamos a sonhar - se doer é porque não estamos a sonhar. A realidade fere, mesmo quando, por instantes, nos parece um sonho. Nos livros está tudo o que existe, muitas vezes em cores mais autênticas, e sem a dor verídica de tudo o que realmente existe. Entre a vida e os livros, meu filho, escolhe os livros."


José Eduardo Agualusa, "O vendedor de passados"

Thursday, January 24, 2008

o que eu queria mesmo dizer é que...

O Governo de Israel é fascista. Pronto, já disse.

estatísticas

No outro dia ouvi um amigo dizer que quando morre uma pessoa nossa conhecida, o acontecimento é vivido com emoção e pesar. Quando morrem milhares de pessoas, esse número é transformado numa estatística. E a números reagimos geralmente com indiferença.

Na Palestina milhares de pessoas estão neste momento a fugir para o Egipto em busca de bens de primeira necessidade.

Zero são os países que acusam Israel de crimes de guerra e contra a humanidade.

Zero é o número de países que estão a auxiliar nesta crise humanitária.

Tristemente, 0% é a probabilidade de vermos um dia a Palestina livre e estes dois povos a viverem em paz.


Monday, January 21, 2008

a felicidade é feita de muitas variáveis

Li isto hoje no jornal, de manhã, a caminho do trabalho. É capaz de ser verdade, especialmente se essas variáveis forem complexas.

Outras frases sobre a vida, numa reflexão sobre os nossos dias (úteis, raros, quem sabe), e sem pretensos acenos à verdade universal, tenho eu encontrado no livro que ando a ler, "O vendedor de passados", do José Eduardo Agualusa.

"Julga que a vida nos pede compaixão? Não creio. O que a vida nos pede é que a festejemos. Voltemos ao pargo. Se fosse este pargo preferia que eu o comesse com desgosto ou com alegria?"

Sunday, January 20, 2008

estados d'alma

Não tenho escrito muito nos últimos tempos. Falta-me tempo para pensar, entre relatórios e apresentações para preparar e com o regresso à Escoce a aproximar-se. Hoje teria sido capaz de acender uma lâmpada com as mãos: é a imagem mais aproximada que consigo arranjar para aquele estado de alma que volta e meia me assalta e que me deixa capaz de subir às paredes ou ir à lua e voltar, enquanto escrevo um parágrafo ou dois.

Este estado de alma aparece geralmente associado à migração da minha cabeça para paragens mais distantes do que a lua (quem sabe até do Universo, tal como é conhecido hoje). Quando estou assim acontecem-me coisas estranhíssimas, como perder-me (ou os meus pertences) no regresso a casa. Com sorte isto corre bem.

a terceira via é igual à segunda, que é igual à primeira

Tony Blair andou recentemente por França não sei muito bem a fazer o quê, mas para o caso não interessa. Certo é que o senhor discursava e, por entre risos e elogios, lá foi dizendo que nos Estados Unidos seria um Democrata e em França estaria no governo de Sarkosi. Aí seria feliz, no governo de direita de Sarkosi, como também o seria no governo Socialista de Sócrates ou do outro lado do oceano, ao lado do seu e para sempre amigo Bush. A falar a verdade é que nos entendemos.

também choro quando o filme é mau

A fotografia passou-me ao lado, as representações também. Nem dei conta da participação do Nick Cave, tal não era o meu desespero. A crítica, aparentemente unânime, classifica este filme como o melhor do cinema americano. Fico à espera que me expliquem o porquê (o Jorge Mourinha não conta). Por favor.

às vezes choro no cinema

Às vezes choro no cinema. Chorei muito quando vi o Carteiro de Pablo Neruda, naquela parte em que ele filma as estrelas e o mar e o sino da aldeia. É de uma beleza tão enternecedora. E as metáforas, alguém se consegue esquecer das metáforas?

No Cinema Paraíso a sequência dos beijos censurados é das mais belas que já vi. A vida daquela aldeia girava em torno do cinema, pelo qual se apaixonou um menino de olhos doces, ao primeiro olhar. Amor que durou uma vida inteira.

Dois filmes com doçura e ternura nas doses ideais e se que se espera encontrar aqui e ali.

love letter

across the universe




Canção bonita, é sim senhora. Cantada por Fiona Apple, não Rosie Thomas, é até mais bonita que a original.

Wednesday, January 9, 2008

lições de democracia e de semântica

O PM pode não ser engenheiro, mas têm um talento especial para questões de semântica. Sócrates defende que não há referendo porque o que foi prometido foi o referendo ao Tratado Constitucional e agora trata-se do Tratado de Lisboa. Se há coisa que detesto é que me façam de parva. A verdade é que os governos europeus encontraram a solução para a aprovação da nova Constituição: não levá-la a referendo, não fosse o diabo tecê-las e o Não ganhasse. Lições de democracia destas é que os povos do mundo precisam, desengane-se quem pensar o contrário.

Saturday, January 5, 2008

história de uma abelha

No Reino Animal os insectos não gozam muita da minha simpatia, mas as abelhas e as formigas são a excepção. Insectos sociais, têm uma organização espantosa que torna estas espécies em duas das mais bem sucedidas do Reino Animal. Neste filme gostei particularmente das imagens da colmeia, mesmo como eu as imaginava, cheias de labirintos e muito organizadas. Não é o Seinfeld no seu melhor, mas deu para matar um pouco as saudades das suas piadas.


Friday, January 4, 2008

esperança para 2008

A geração dos meus pais não teve uma vida fácil. Tal como hoje, enfrentaram guerras, desemprego, analfabetismo e fome, e tantas outras coisas mais que não vale a pena enumerar. Mas os meus pais tiveram uma coisa que eu não tenho, pelo menos na maioria dos dias: a esperança concreta que um homem novo existia ou podia existir e que era possível a construção de uma sociedade diferente. Hoje somos esmagados pelo capitalismo atroz que parece ter triunfado em todas as linhas, por um mundo desequilibrado que parece ter chegado a um beco sem saída. Haverá mesmo um futuro?

Não sei como será o futuro, mas junto os meus desejos para este novo ano aos expressos pelo BB na sua última crónica:

"Com rigor, porém, penso que seria bom renascer em todos nós um pouco de ternura. Que a compaixão e a bondade não andassem por aí, desempregadas, e também elas tontas e aflitas, por tão sós. Que a felicidade fosse possível. Que tão poucos não tivessem tanto, e tantos não tivessem tão pouco. Que a paz interior não fosse, apenas, resultado da solidão, mas a certeza de uma verdade temporal. Que a necessidade de verdade se transformasse numa urgência diária. Que a sinceridade constituísse a vontade de se ser verdadeiro. Que a vida não se traduzisse uma infusão de falsos valores e de promessas de eternidade duvidosa, mas sim que o conhecimento tivesse a conformidade das exigências sociais e éticas."

passagem de ano

Não dou muita importância à passagem do ano. Lembro-me frequentemente daquela tira da Mafalda, em que ela acorda energética e feliz na nova manhã de dia 1 e pergunta à mãe: acabou a fome? acabaram as guerras? Não!? Então para que é que precisamos de um ano novo????