Monday, January 31, 2011

comecei no sábado e é provável que acabe no próximo inverno

biutiful

Saí do cinema com o coração pesado e sem perceber se tinha gostado do filme que tinha acabado de ver. A história está carregada de tristeza, mas esta é gratuita, é quase como que um elemento decorativo e não o prolongamento de algo que faça sentido e seja consequente. Porquê fazer daquele homem simultaneamente pai, curandeiro, traficante de homens e espelho do desespero e do desnorte? É demais, o filme não aguenta tanto e eu sinceramente também não.

Wednesday, January 26, 2011

se

Numa outra qualquer vida nem sequer sou cientista. Sou tradutora, ou pintora, ou escritora ou economista. Sou jornalista, cozinheira, contorcionista. Sou fazedora de sonhos, invento dias e preencho-os com todas as cores.

e depois há listas e listas (by... nem preciso dizer quem foi)

- Anibal Cavaco Silva - Autobiografia Política I e 2
- Benfica - Campeão com História, de João Malheiro

Para além da lista de sonho, os livros deste mês de Janeiro são:
- The Empathic Civilization, Jeremy Rifkin
- Rework, Jason Fried and David Heinemeier Hansson
- Portugal: O Vermelho e o Negro, de Pedro Almeida Vieira
- História de Portugal, 2 Volumes, Oliveira Marques
- Impending World Energy Mess: What it is & What it Means to YOU!, Robert L. Hirsch

Tuesday, January 25, 2011

já me irritei, agora estou zen II

Sentir-me-ia pior se fosse italiana - nesse caso, teria a má sorte de ter como PM Silvio Berlusconi.

3-0

"Em breve, todas as pessoas naquela cave estavam de mãos dadas, e o grupo de alemães formava um círculo irregular. As mãos frias fundiam-se nas quentes e, em alguns casos, transmitia-se a sensação de outro pulso humano. Atravessava camadas de pele pálida e tensa. Alguns fechavam os olhos, aguardando a sua extinção definitiva, ou esperando um sinal de que o ataque terminara finalmente.
Mereciam melhor sorte, aquelas pessoas?
Quantas tinham perseguido outras activamente, lançadas no rasto do olhar de Hitler, repetindo as suas frases, os seus parágrafos, a sua obra? Seria Rosa Hubermann responsável? Ela que escondera um judeu? Ou Hans? Mereciam todos eles morrer? As crianças?"
in A rapariga que roubava livros, Markus Zusak

Monday, January 24, 2011

já me irritei, agora estou zen

Constatação: estar em negação é muito mais fácil quanto se está fora do país e se vêem os problemas de longe.

leituras emprestadas

Tenho andado a pedir a amigos que me mandem listas de livros que tenham gostado muito de ler. Aqui fica a da Vera,

José Luís Peixoto- "O livro" e "Nenhum olhar"
Mário Benedetti- "Obrigado pelo lume"
Coetze- "Disgrace"
João de Melo- "Gente feliz com lágrimas"
D. H. Lawrence- "Lady Chatterley's Lover"
Lídia Jorge- "O Vento Assobiando nas Gruas", "O cais dos murmúrios"
Oran Pamuk- "A casa do silêncio"
José Eduardo Agualusa: "O ano em que Zumbi tomou o rio"

Thursday, January 20, 2011

todos os nomes

Ignorante, dissimulado, mentiroso, inconsequente, anti-democrata e por aí fora - a minha imaginação não é muita e o dicionário, neste caso, não ajudou muito. Mas percebem a ideia, claro.

Wednesday, January 19, 2011

Tuesday, January 18, 2011

donelo, setembro 2010

Primeiro encontro o silêncio e as saudades, quase que dá vontade de fugir. Depois escuto, sinto. Aquelas paredes estão cheias dos nossos risos, das histórias deliciosas do meu avô e do cheiro do arroz de cenoura da minha avó.
Ainda bem que temos aquela casa e as nossas memórias, que sorte termo-nos uns aos outros.




Saturday, January 15, 2011

coitada da maria

O meu pai e o Compadre, numa atitude de solidariedade louvável, iniciaram um peditório para ajudar Maria Cavaco Silva - coitada, a senhora tem uma parca reforma de 800 euros. Este movimento, iniciado na pacata cidade alentejana de Estremoz, espera chegar em breve a todo o Alto Alentejo. Confiantes, os proponentes acreditam ter dado início a um movimento de levantamento nacional, capaz de comover as mais irredutíveis pedras de calçada.

sobre lisboa e os portugueses, por uma amiga escocesa

"Public transport is really good though, so perhaps somewhere less central would be ok. Plus, Lisbon is really nice to walk around anyway.
My favourite bit is the Bairro Alto, which has loads of brilliant little bars, but might not be the best part to stay in. You must head there for a night out though.
We did some good day trips along the coast to Cascais and into the hills to Sintra - both really easy by train. Food-wise, the portuguese are pretty carnivorous, but they also do some incredibly good fishy things (the traditional salty cod in garlic and olive oil is amazing) but you can pretty well get any nationality of food you want. I'd also recommend the famous custard tarts from Belem - yum. You won't go thirsty either, the coffee is great, the beer is great (Superbock and Sagres) and there are loads of Brazilians, so you're never far away from a Caipirinha. Oh, and the port is lovely, of course."

Thursday, January 13, 2011

no meu país inventado

Cavaco Silva não existe. É tudo.

palpável

Trabalhadores científicos existem e muitos estão por aqui. São os jovens que, como eu, saem do autocarro todas as manhãs e se dirigem para uma das centenas de empresas que escolheram o parque tecnológico de Cambridge como casa.

não há direito

Que depois de duas horas a escolher colónias de não sei quantas placas de Petri*, tenha ido a correr para o cinema para descobrir que o filme que queria ver estava esgotado. Percebi que o dia estava irremediavelmente perdido, quando, na tentativa de o salvar e acabar a tarde numa nota positiva e principalmente doce, vi que o meu chocolate quente preferido tinha, também ele, chegado ao fim.
*
*
*pior que isto só mesmo encher caixas de pontas à mão, coisa que nunca mais tive que fazer desde que comecei a trabalhar no Reino Unido. Estas e outras diferenças davam para escrever sei lá quantos posts - qualquer dia lanço-me a esse trabalho de inventariação, útil especialmente naqueles dias em que questiono o que raio ando para aqui a fazer.

Monday, January 10, 2011

continua a escrever, joão

Não me deixei adormecer antes de o acabar. As recomendações não foram exageradas, é, de facto, um grande livro - atenção, aqui temos escritor.
"Se as terras de África, vistas do céu, são demasiado belas para o olhar humano, que imaginas tu que sucede à pessoa que sustenta esse olhar? Perderia a causa das coisas? Ou será o louco aquele que vê demasiada causa em todas as coisas e essa primeira viagem em direcção ao nada seja a causa de tudo o que veio depois, a razão que anula a possibilidade de alguma vez se sentir em comunhão com o mundo ou até consigo próprio?"
in O Bom Inverno, João Tordo

Sunday, January 9, 2011

vivemos do que fomos, somos e do que queremos ser

mas porque é que não faço isto mais vezes?

Perguntei-me eu ontem, já de regresso a Cambridge, depois de um dia bem passado em Londres, entre amigos e quadros. Passa uma pessoa o tempo a pensar que até nem é assim tão tonta e, de repente, apercebe-se que anda perder muito.
A ida à exposição não foi aquilo de que estava à espera - estava tanta gente, tanta gente à volta de cada um dos bonitos quadros de Gaugin, que raramente consegui apreciá-los com a atenção que merecem.
Andámos depois à procura de botões em retrosarias antigas, percorrendo ruas de Londres que desconhecia e que pareciam ser parte de uma outra cidade. A tarde já caía quando finalmente nos sentámos num pequeno café em frente a uma tábua de queijo, presunto e pão. Um dia bom, simplesmente bom.

Friday, January 7, 2011

gaugin, na tate

bem sei que sou um disco riscado

A leitura de Uma longa viagem com José Saramago, de João Céu e Silva, é indispensável para quem quer conhecer melhor o escritor e o seu pensamento.
"(...) a morte é uma coisa lixada - esta não é a melhor palavra para pôr na entrevista, se quiser mude - não só porque nos retira a vida, ou nos empurra brutalmente para fora da vida, que é o mais correcto, mas porque tem muitíssimas vezes outra consequência: uma outra espécie de morte que se chama esquecimento".

Wednesday, January 5, 2011

este presidente não é, nem será, o meu

Hoje saiu mais um artigo acutilante de Baptista Bastos, desta vez sobre Cavaco. Baptista Bastos já viveu mais, tem mais experiência e eloquência que eu. Terá, portanto, lembranças muito mais vivas daquilo que foi o governo chefiado por aquele homem cinzento, que dizia não ter tempo para ler jornais e que faz do autoritarismo regra de ouro. Quando Cavaco era Primeiro- Ministro andava eu na escola secundária, não me lembro portanto de muito, pelo menos de dados concretos que possa aqui enumerar. Recordo-me, isso sim, da alegria que foi vê-lo ir-se embora.
Infelizmente, voltou. São muitas as coisas que ele diz que me irritam, mas a conversa do mar ser uma aposta deixa-me particularmente irritada. O governo de Cavaco Silva foi responsável pela delapidação das nossas pescas, é culpado do facto de centenas de pescadores e barcos terem sido deixados ao abandono no cais. Trabalhei como bióloga marinha, é certo que não durante muito tempo, mas vi o estado em que se encontrava o IPIMAR - instituto que devia ser munido de instrumentos científicos (humanos e técnicos) para estudar e assim proteger a nossa costa e aqueles que dela dependem para viver.
Cavaco foi PM de 85 a 95 - se acrescentarmos os dois anos em que exerceu o cargo de ministro da finanças, são doze anos somados. Foi a pessoa que mais tempo esteve a cargo dos destinos do nosso país, logo responsável pelas decisões políticas que aqui nos trouxeram. E a quem temos que pedir contas.

Tuesday, January 4, 2011

na agenda II

  • acabar os artigo do doutoramento (e enterrar de vez a tese!)
  • procurar emprego (o que fazer em 2012: universidade ou empresa? em Portugal ou em Marte?)

na agenda

  • Fevereiro, Berlim (rever uma amiga + concerto dos The National)
  • Abril, casa (Páscoa + 25 de Abril)
  • Maio, Munique
  • Agosto, casa (praia)

o que quero para 2011?

A resposta tão repetida, que se ouve a correr pelas ruas, é que as pessoas querem ser felizes. Mas que coisa tão vaga, essa! Que é isso, a felicidade? Não sei. Ensinou-me a prudência, mas também o pessimismo e a melancolia, a não esperar muito da vida. Quando uma coisa boa me acontece, costumo dizer, a brincar, que fico à espera que me caia um piano em cima da cabeça. Não devia pensar assim, mas então?
Quero viver de acordo com os meus princípios, ideais e sonhos - disto não abdico. Saber que vivo em coerência com aquilo que acho que sou, isso sim, deixa-me com um sorriso nos lábios.

Monday, January 3, 2011