mar impossível

Na neve mais pura escrevo
As saudades do meu mar:
Tenho saudades da areia
Branca de neve ao luar.

Tenho saudades do vento
Que sopra breve, indeciso,
Leve como um pensamento
Do céu azul, calmo e liso.

Tenho saudades das ondas,
Das conchas e das sereias.
Aqui as ondas são poucas
E vivem paredes meias

No coração com a saudade
De não ver o mar sem fim.

Camané, do albúm Sempre de mim

assim anda o meu país 2

Desde há anos que vamos para o Algarve em Agosto, eu, a minha irmã, o meu primo e tios, o meu pai, as minhas avós. Este ano encontrei o mercado tranquilo, as ruas pareciam pintadas de Setembro. Nas cadeiras vazias dos cafés senta-se o desemprego e a incerteza. Mas não faltará gente que diga que as pessoas precisam de aprender a viver de maneira diferente. Não faltam palavras ocas como aquelas de Cavaco, cinicamente a lamentar-se que as pessoas estão a chegar ao limite do que podem sacrificar. Não estou aqui a falar de sacrificar férias - melhor seria - mas sim do país que nunca foi de férias.

assim anda o meu país

Converso com amigos, com a minha família. O universo não é representativo - falo maioritariamente com pessoas que não votaram nesta gente que nos governa ou governou. Gostávamos que a nossa vida fosse outra. Mudamos de canal quando vemos aqueles sorrisos, tão distantes da verdade. Tantas vezes fugimos, fingimos não ver. Continuamos com o nosso quotidiano. Vivemos uma revolta surda.

resta-nos a música

Boas notícias e se delas tanto precisamos. 2011 traz-nos de novo (e quantas saudades tínhamos) Sérgio Godinho, Chico Buarque e Fausto - dificilmente poderíamos pedir ou esperar mais.

muito, muito giro

arrietty, a menina que brinca com bichinhos-da-conta

se o livro de setembro for assim, desisto

História de dois irmãos. O mais novo morre, mas os dois continuam a encontrar-se (fantasma um, de carne e osso o outro) para jogar basebol. Um belo dia, Charlie (aquele que pode falar com espíritos) encontra uma bela rapariga no cemitério e apaixona-se perdidamente por ela. O amor é correspondido, claro. Azar dos azares, a rapariga encontra-se entre a vida e a morte - e é assim que o nosso herói se debate por encontrar o seu corpo e trazê-lo de volta à vida. Charlie lá encontra a moça, azul de tanto esperar. Coma, flores, música e conversas comoventes à mesa-de-cabeceira da bela adormecida. A rapariga acorda, casa com o seu bem-amado e têm dois filhos. O irmão passa para o outro lado (=eternidade). Final feliz. Muito feliz.

livro do mês de agosto - história da carochinha

post-scriptum

É claro que também fiquei muito contente! Bolas, se fiquei.

1o aniversário

Esqueci-me completamente de assinalar o 1o aniversário do meu doutoramento! Há um ano atrás, no dia 27 de Julho, terminava uma fase importantíssima da minha vida. Senti muita angústia nos dias e semanas que se seguiram, estava extremamente cansada e confusa. Um ano depois as coisas acalmaram - agora o desafio é fazer de Cambridge a cidade onde vivo e não tão somente a cidade onde trabalho.