Belfast é uma cidade impressionante. Não estava a espera de encontrar arame farpado em casas, delegações de polícia que mais pareciam postos militares, bairros com murais e com um ar pesado, em que facilmente se consegue imaginar grupos paramilitares a patrulharem as zonas que separam as zonas pró-Irlanda (católicas) das zonas pró-Britânicas (protestantes). Foi assim que o Francis, dono do B&B onde fiquei e o meu guia político, me explicou a situação política da Irlanda do Norte. Ele não entende a situação da Irlanda do Norte como uma guerra entre religiões, mas sim como uma luta pela independência da Irlanda e contra a ocupação britânica por pessoas que, por acaso, são católicas. Contra pessoas que, por acaso, são protestantes.
São imensos os murais espalhados pelos bairros pró-Irlanda e pró-Britânicos. A tour foi muito mais rápida do lado protestante, uma vez que o Francis era claramente a favor da integração da Irlanda do Norte no "Free State". Os murais do lado protestante são compostos de elementos demontrativos da lealdade à Coroa Britânica, como o punho preto fechado e a bandeira do Reino Unido, bem como a imagem de elementos integrantes dos grupos armados.
Do outro lado da barricada...
Referência à guerra de fome que elementos do IRA fizeram pelo direito a serem reconhecidos como presos políticos em 1981.
Símbolos pró-Irlanda: a bandeira, o lírio branco, diversas fotografias de elementos do IRA:
Referência à expulsão de milhares de Irlandeses dos campos, à fome que condenou à morte outros milhares, e à emigração em massa que ocorreu no século XVII e que mudou as características demográficas e políticas da Irlanda. Nesta altura, o império Britânico iniciou uma campanha chamada "Plantation", durante a qual ofereceu terras a Escoceses e a Ingleses. Foi assim que a maioria das pessoas da Irlanda do Norte passou a ser Protestante e leal à coroa.
A aprendizagem do gaélico passou a ser proibida e o ensino passou a ser feito às escondidas, "behind the fences", como pode ser lido neste mural.
Este mural descreve a perseguição religiosa que os católicos sofreram.
Fiquei com muito para pensar depois desta viagem. E menos ignorante, o que é muito bom!
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