Quando éramos pequenas, eu e a minha irmã comportávamo-nos de maneira diferente quando estávamos a mesa. Quando o meu pai repartia entre nós uma coisa que ambas gostávamos muito, a minha irmã guardava-a a um canto do prato, para ter o prazer de saboreá-la no final da refeição. Já eu, que nunca tive o dom da paciência, não esperava, e assim tinha que fingir não ver os olhos de triunfo da minha irmã. Recordei estas memórias quando percorri as inúmeras crónicas do Saramago e do Baptista Bastos que não li ao longo destes últimos meses e que involuntariamente acumulei. Lembrei-me novamente dos olhos regalados da minha irmã e percebi.
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