Li o "Equador" do Miguel Sousa Tavares e gostei. Não é um grande livro, daqueles que nos marcam a memória, mas lê-se bem e está razoavelmente bem escrito. Resolvi, por isso, ler o novo, chamado "Rio das Flores". Passa-se no Alentejo, em Estremoz, e acompanha a história de uma família de latifundiários a partir de 1910, mais coisa menos coisa. Havia muitos sinais de alerta: latifundiários, Alentejo, escrito pelo MST.
Confirmei o que estava à espera (juro, juro que tentei ser imparcial). Neste Alentejo não houve fome nem ditadura, há mesas fartas e compotas feitas com os frutos da época, viagens ao Brasil e a Paris, morgados e morgadinhos. A personagem mais progressista era um "liberal" que pregava contra o Estado Novo do conforto do cadeirão da casa senhorial, enquanto intelectualmente bebia um whiskey.
Não me reconheço neste Alentejo, nem na análise feita à resistência ao fascismo, nem na descrição da Guerra Civil Espanhola, onde os fascistas são chamados de Nacionalistas. O que vale é que a história terminou antes do 25 Abril! Enfim, 600 páginas de um Estado Novo suavizado, 600 páginas de uma visão da vida que eu não consigo compreender ou defender.
2 comments:
É... os sinais estavam lá...
:)
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