Há vida nos mais remotos sítios do nosso planeta, desde as fontes hidrotermais a 11 mil metros de profundidade ao deserto gelado do Antárctico e Árctico. O "Escafandro e a Borboleta" é a história dessa mesma vida impossível, encontrada na imaginação de um homem que, depois de um AVC que o deixa incapaz de andar e falar, comunica com o exterior através do piscar de um olho, o último músculo que consegue ainda controlar.
Para quem não se importa de ir para o cinema chorar, é um filme que vale a pena ver. Quando o vi, senti-me de facto emersa num caixão de água, como um mergulhador, conseguindo vislumbrar a luz e a vida desfocada e à distância.
A ir ver este filme não é para ir contemplar o sofrimento de um homem (isso seria fácil e gratuito), mas para vê-lo sair da prisão em que a sua vida de transformou através do pensamento, com humor e alegria.
Não acho que a vida valha só por si mesma, sem que dela se consiga tirar prazer. É sobretudo por isso que defendo a eutanásia, por entender que o prolongamento da vida deve ser resultante de uma decisão e não de uma imposição moral. Apesar de saber que a vida encontra maneira de se reinventar a cada passo.
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