Tanto a caminho de Malta, como no regresso a Portugal, entretive-me a ler os Cadernos. Quero, por isso, deixar aqui algumas impressões:
- Saramago escreveu muitas vezes sobre as preocupações que tinha sobre a Europa e o futuro de Portugal na União Europeia. Quem quiser ler estes livros facilmente concluirá que não era (é) preciso ser bruxo para concluir que o caminho que então se desenhava para a União Europeia (o primeiro caderno data de 1993, há quase 20 anos), em que os pequeninos não têm outro remédio que não o de se tornarem ainda mais pequeninos, só nos poderia trazer onde estamos hoje.
- Lembrei-me de coisas que fiz e pensei, reflexões e preocupações daqueles anos. Recordei-me, por exemplo, de quando escrevi uma carta muito zangada ao Embaixador Francês, protestando contra os ensaios nucleares planeados para o Atol de Moruroa. Escrevi a carta e corri altiva para os correios - Estremoz era pequenino para o meu sonho de mudar o mundo.
- Anos 90, governo cavaquista. O Sr. Silva, pequenino e ignorante era, ignorante e pequenino continua a ser.
- O quanto Saramago foi homenageado fora das nossas fronteiras. Tristemente, é evidente como foi ignorado em Portugal - por aqui também se vê a pequenez de quem nos governa e governou.
- A ternura do homem que Saramago foi está derramada naquelas páginas. O amor a Pilar, à casa que com ela construiu em Lanzarote, com os cães, rodeado de mar e vulcões. O amor, que também sentiu, pela humanidade. É uma delícia.
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