Wednesday, September 30, 2009

novamente com acentos, até ver

O computador ressuscitou e não foi preciso esperar pelo sétimo dia. Ainda assim este amigo fiel está com os pés para a cova, não há volta a dar-lhe.

tenho saudades

De encostar a cabeça no colo da minha avó Adelaide e de esperar que ela lentamente me afague os cabelos e, com esse gesto tão simples, consiga afastar as nuvens que invadem os meus pensamentos.

sem acentos, até ver

O meu portátil morreu.

Tuesday, September 29, 2009

o dia seguinte

Não sei se se lembram desta tira da Mafalda em que ela, na primeira manhã do ano, pergunta a mãe: "a fome e guerra acabaram no mundo?" A mãe acena que não, que o mundo está rigorosamente igual. Mafalda exclama, indignada, "porque mudamos então de ano?" Esta observação mordaz resume o que sinto em relação aos resultados destas eleições. Como a Mafalda espero inutilmente por uma insurreição que acorde o nosso país, e que o mundo magicamente fique mais justo, as pessoas mais conscientes e participativas e que consigamos colectivamente resgatar a felicidade e a ternura que nos fazem falta. Sonhos, delírios, porque as revoluções não acontecem de um dia para outro. Aqui está novamente Sócrates Primeiro Ministro, muito provavelmente aliado ao PP de Portas, para nos provar exactamente isso.

Sunday, September 27, 2009

nunca mais são oito

Já vi três episódios do The wire, arrumei a casa e pus a roupa a lavar, escrevi uns quantos posts inutéis, fui às compras, fiz a sopa e o jantar/almoço de amanhã e ainda são só quatro da tarde. Como este fim de semana me proibi de trabalhar, não tenho nada que me entretenha até ao fecho das urnas.

bobby robson

Bobby Robson é um dos meus treinadores preferidos que passou pelo Porto. Toda a gente lembra a coragem com que enfrentou a doença que o traiu e o empenhamento que teve em angariar fundos para a investigação de tratamentos mais eficazes para o cancro. Falam do homem que viveu com paixão o futebol. Eu lembro-me apenas de um homem afável e risonho. As conferências de imprensa que dava eram bestiais, especialmente na altura em que o Paulinho Santos fazia das suas e os jogos Porto-Benfica nunca terminavam com 11 jogadores de cada lado. O riso que provocava nas tentativas que fazia para falar português, a forma determinada como incentivava os jogadores a lutar até à última - era difícil não gostar dele.

recompensas

Quando éramos pequenas, eu e a minha irmã comportávamo-nos de maneira diferente quando estávamos a mesa. Quando o meu pai repartia entre nós uma coisa que ambas gostávamos muito, a minha irmã guardava-a a um canto do prato, para ter o prazer de saboreá-la no final da refeição. Já eu, que nunca tive o dom da paciência, não esperava, e assim tinha que fingir não ver os olhos de triunfo da minha irmã. Recordei estas memórias quando percorri as inúmeras crónicas do Saramago e do Baptista Bastos que não li ao longo destes últimos meses e que involuntariamente acumulei. Lembrei-me novamente dos olhos regalados da minha irmã e percebi.

post scriptum

Bem sei que quando não estou a trabalhar estou a queixar-me do tanto que ainda tenho para fazer ou do quão cansada me sinto. Nem eu me consigo aturar.

Saturday, September 26, 2009

não sei bem se o doutoramento me fez mais esperta

Ou se, pelo contrário, sou uma pessoa mais ignorante. Nunca mais li um livrinho que seja. Qualquer coisa com mais de meia dúzia de linhas cansa-me. Nunca mais escrevi no blog, por falta de tempo, mas fundamentalmente porque não penso em mais nada do que em trabalho. O último filme que vi foi o Harry Potter, há dois meses atrás. Patético. Como esta semana fiz asneiras atrás de asneiras, decidi que tinha que descansar, nem que fosse um bocadinho. Fui ao cinema ver o "Inglorious Basterds" e o "Cloudy with the chance of meatballs"; vi duas temporadas do Entourage, uma série estúpida e ideal para alienar qualquer doutorando em apuros; comi sushi; comemorei com amigos do laboratório a defesa de um dos nossos colegas; comprei o bilhete para o concerto do Richard Hawley, o acontecimento da semana.

nos intervalos do laboratório

Tenho esboçado sorrisos e gargalhadas a ver o "Esmiúça os sufrágios". Até tenho chorado a rir, que às vezes parece ser a única solução para enfrentar esta desgraça de país e governantes que temos. Até tive pena da Manuela Ferreira Leite que, ao ser entrevistada num contexto de riso e leveza, ainda pareceu mais cinzenta. Para espanto meu, até achei o Portas simpático. Mas nada a fazer quanto a Sócrates e a suas gargalhadas calculadas ao milímetro e as respostas estudadas. E a Joana Amaral Dias e o ar com que ela dizia "e tu Ricardo, tu, tu tu"? Não há paciência. Ok, talvez seja um bocadinho sectária.

a alegria é que nos torna os dias úteis

Dias úteis
às vezes pretextos fúteis
pra encontrar felicidade
no percurso de um só dia

Dias úteis
são tão frágeis as verdades
que se rompem com a aurora
quem as não remendaria?

Dias úteis
mesmo se a dor nos fizer frente
a alegria é de repente transparente
quem a não receberia?

SG

Sunday, September 20, 2009

coitadas das peixeiras

Louçã não se dirigiu às peixeiras do mercado de Alcobaça "Porque cria uma dinâmica de espectáculo. Quero um contacto sério com as pessoas, não quero favorecer nenhuma forma de populismo, nenhuma forma de simplicidade."
Então dar beijinhos às peixeiras é populismo, sim senhor. Será populista todo e qualquer contacto com os eleitores? Só o será certamente para aqueles que só saíram às ruas às portas das eleições. De tanto querer ser diferente, moderno e sei lá mais o quê, Louçã é também ele populista, ao dizer palavras que caem facilmente no ouvido, oportunistas e inconsequentes.

Wednesday, September 9, 2009

A democracia faz-se lutando!

Durante os últimos quatro anos o Governo nada fez para valorizar e qualificar a situação profissional dos bolseiros de investigação científica, que, apesar das suas elevadas qualificações e reconhecido mérito do seu trabalho, continuam sem verem reconhecido o seu estatuto de trabalhadores, sendo-lhes negado o acesso a direitos fundamentais que esse estatuto
consagra. Assim, no final desta legislatura, os bolseiros em Portugal continuam, por exemplo:

- Sem verem aumentadas as suas retribuições mensais, significando uma perda de poder de compra de cerca de 20% desde 2002, ano do último aumento;
- Sem acesso ao regime geral da Segurança Social;
- Sem direito a subsídios de férias e de Natal;
- Sem direito a subsídio de desemprego;
- Sem verem reconhecido o seu estatuto de trabalhadores e, por isso, sem
acesso aos direitos que esse estatuto consagra;
- A assegurar necessidades permanentes das instituições.

É chegada a altura de mostrarmos o nosso descontentamento. Assim, a ABIC convoca, para o próximo dia 23 de Setembro (4ª Feira), frente à Assembleia da República, um protesto de bolseiros.

Se não concordas com o actual estado das coisas, junta-te a nós! A tua presença é fundamental!

Tuesday, September 1, 2009

eu cá estou

Nos primeiros dias depois de vir de férias pensei que ainda estava mais cansada do que me sentia antes de ir, mas depois lá voltei ao ritmo normal - fiz planos, senti o coração apertado a contar os meses, dias e horas que faltam até entregar a tese, procurei achar a determinação que tanto preciso. Na quinta vou começar a derradeira experiência deste doutoramento e tenho-me tentado enganar ao tentar levar a coisa na desportiva, mas a sementinha da esperança arranja sempre maneira de encontrar o caminho do meu coração. E com ela a ansiedade da incerteza. Corra tudo como correr, tenha a tese pronta para entregar ou não, o bilhete de ida já está marcado: dia 24 de Dezembro regresso a casa.