Monday, April 30, 2007

eleições

Dia 3 de Maio são as eleições para o Parlamento Escocês. Sim, dia 3, ou seja, a próxima quinta… Não é estranho? Quando é que a malta vai votar, na hora de almoço? O Partido Nacionalista Escocês lidera as sondagens e já prometeram referendar a questão da independência da Escoce. Quando à cobertura jornalística, miserável, só fala do Labour e do Partido Conservador, dos Verdes (pouco) e os outros partidos (que existem) são remetidos para a escuridão. Benditos sejam os ciclos uninominais, que o PS e o PSD tanto elogiam, sabe-se lá porquê…

já troco os Bs pelos Vs

Nos primeiros tempos aqui passados grande parte do meu cansaço era explicado pelo esforço que fazia a falar inglês e a tentar compreender o que me era dito. No final do dia, o meu cérebro parecia que ia explodir, tal era a quantidade de informação nova a registar. Agora já estou melhor e a energia mental que gasto nestas questões é bem menor. Mas isso não quer dizer que o centro linguístico do meu cérebro não esteja ainda muito confuso. No outro dia fui ver um filme chinês ao cinema, e quase que dei um salto da cadeira quando me apercebi (sim, é verdade que me tinha esquecido) que tinha que estar a ouvir falar chinês e ler legendas em inglês. Por isso perdoem-me as gralhas (Belimunda, Oh, valha-me deus) que por aqui apareçam e por favor, batam-me se alguma vez me ouvirem dizer “Mas como é que isto se diz em português?”

Saturday, April 28, 2007

vinhas da ira

Tinha muitas saudades de ler um grande livro. Livros que depois de lidos, nos deixam sem palavras, daqueles que não podemos deixar de conhecer sem correr o risco de estarmos a desperdiçar o tempo útil das nossas vidas. É raro ter o sentimento de encontro com o génio e eu só o senti quando li alguns dos livros da minha santíssima trindade do mundo literário, Saramago, Garcia Marquez e Amin Maalouf. Estes têm agora a companhia de Steinbeck.

Vinhas da Ira é um romance soberbo sobre a dignidade do homem e que conta a história de uma família que imigra de Oklahoma para a Califórnia em busca de uma vida melhor, e lá encontra a exploração, a fome, a miséria e a desilusão. Encontram também a solidariedade, a única coisa que resta quando tudo lhes é negado. O livro parece que tem vida, com as palavras que foram escritas para uma partitura de uma música. E com personagens quase tão bonitas como Blimunda e Baltazar. Imprescindível.

Friday, April 27, 2007

bill callahan

O meu primeiro concerto a sério. Estou determinada a tentar convencer o moço a ir a Portugal, mas se ele se fizer de difícil, posso tentar a abordagem "entrada no camarim" e sacar um autografo para a Sara. Acho que vou conseguir não desatar a rir que nem uma parvinha como fiz com o SG.

Wednesday, April 25, 2007

tanto mar

pedem-se cravos na escoce

a minha avó adelaide

As saudades que eu tenho da minha avó Adelaide são gigantescas, todos os dias, e sempre assim será. Mas talvez um dos dias em que penso mais nela seja hoje. Gostava de ouvir a Grândola e tinha sempre um brilho de alegria nos olhos no 25 de Abril. Contava-me dos tempos em que vivia em Coimbra, ao pé do quartel, e que tantas e tantas vezes olhava para aqueles portões com a esperança de ver de lá sair a Revolução. E do medo que sentia quando via gente rondar a sua casa e da angústia de vê-la revistada e a família presa. Por isso, naquele dia de Abril, foram muitas as pessoas de Estremoz que lhe foram dar os parabéns. A minha avó de olhos de avelã e longos cabelos brancos, artesã, uma grande mulher que sempre viveu e morreu de pé. Que lia Lídia Jorge, cozinhava maravilhosamente e gostava de ter a casa cheia de gente. E que tantas vezes dizia, O que nós precisamos é de outro 25 de Abril. Assim é. E agora vou ouvir a Grândola, uma vez mais.

25 de Abril, sempre

As ruas estão cheias de gente. Muitas já há muito tempo que não apareciam, andam escondidas e perdidas nos recantos da história. Algumas já têm cabelos brancos, mas hoje, tal como há 33 anos atrás, continuam a gritar liberdade. Eu também lá estou, no Marquês do Pombal, cheio de gente, alegre, a respirar cravos, sonhos e alegria. Agora desço a Avenida, e quase que tropeço naquele mar de gente, lá a frente vai a juventude, atrás os resistentes anti-fascistas com uma faixa a dizer, Agora e sempre, presentes. Nem que seja por um dia, sabe bem sair à rua e reafirmar a necessidade da continuação da luta por um mundo diferente, pela sociedade que em Abril se sonhou ser possível.




Tuesday, April 24, 2007

ainda nos podemos safar

800 anos depois a Igreja Católica veio dizer que as criancas, marcadas que estão com pecado original, afinal ainda têm hipótese de ir para o céu, mesmo se não forem baptizadas! Ufa, que eu bem andei todos estes anos preocupada com a perspectiva de ir parar ao limbo, ou pior, ao inferno.

Monday, April 23, 2007

lago lomond

No domingo fomos ao lago Lomond, o maior lago da Escócia, localizado num dos primeiros parques nacionais criados. A natureza é mágica e esmagadora.


























Terminámos o dia com uma bela pint e com um haggis, acompanhado de puré de batata e nabo. Muito bom!

edimburgo

Este fim-de-semana foi em grande. No sábado fui com a Beta (a minha primeira visita), o Luís e a Buddinni a Edimburgo. Adorei a cidade! Justiça seja feita à Maria, Edimburgo mete Glasgow a um canto. É uma cidade acolhedora, cheia de ruazinhas onde apetece andar, com um centro histórico que remonta aos tempos mediavais, um castelo e muita vida a passar.

Royal mile


vista do castelo de Edimburgo



senhor muito simpático lá do castelo


Galeria de Arte Nacional da Escócia



Vista de Edimburgo

Castelo de Edimburgo

Wednesday, April 18, 2007

pequeno joão

Pelo que sei, és pequenino, cabeludo e tens os olhos grandes e abertos. Esperámos tanto para te conhecer e agora aí estás, com uns pais de quem eu tanto gosto, e que de certeza que vão encher a tua vida de amor e música.

Tuesday, April 10, 2007

chegada

Cheguei a casa no sábado. No domingo acordei às 7.30 e estava ansiosa, a contar os minutos, à espera que todos acordassem para poder falar, falar, falar. Parecia que estava cheia de energia e palavras e sensações que não conseguia conter. Que bom que foi!

verão na Escoce

- Como é que vocês sabem que é Verão?
- Er... A água da chuva é mais quentinha!

Thursday, April 5, 2007

é bonito, ainda que sem um cabrito

Por aqui já se contam as horas para o regresso a casa. Pena é que este ano o cabrito vá faltar à mesa, mas o ensopado e a sopinha de cação, pelo que sei, já cá cantam. As saudades dos amigos e família são mais que muitas, mas o mesmo não posso dizer no nosso país à beira-mar plantado. Tenho acompanhado a nossa vida nacional pelos jornais (mal, faz-me falta a TSF ao acordar), e parece que continuamos mergulhados num inevitável pântano. Ele é o PM que afinal não é engenheiro (pura areia que atiram para os nossos olhos, porque os nossos problemas não acabam certamente no certificado de licenciatura do Sócrates), são os casos na Independente, a barafunda no PP, campanha fascista que passa impune. A lista é enorme. Este pandemónio é tão grande, que os Gatos Fedorentos não têm tido mãos a medir. Aqui fica mais uma prova do seu humor genial, abrindo lugar à esperança que Portugal não estará para sempre condenado à estupidez.

palavra escocesa da semana

Óh faz favor, diga lá outra vez??!

Hotchin, hoatchin

adj. seething, infested, overrun, restless, eager

Monday, April 2, 2007

domingos

Um táxi

Entrada para o Mercado da Cidade
Edifício Principal da Universidade de Glasgow, fundada em 1471, hoje localizada num antigo mosteiro



choque tecnológico

Deve ser isto que o Sócrates chama de choque tecnológico, disse ironicamente o meu pai uma das primeiras vezes que falámos no Skype. Estávamos a conversar os três (eu, o meu pai e a minha irmã), cada um no seu canto, Estremoz, Lisboa, Glasgow, para seu grande espanto e alegria. Nabo informático confesso, o meu pai já faz smiles, telefona-me, e ontem comprou uma câmara. A cereja no topo do bolo foi poder ver-me online, convencendo-se finalmente que até estou mais gordinha e não estou a definhar longe de casa.

balanços

Ainda não tenho um sotaque assim. E bem sei que um mês é pouco para fazer contas à vida, mas aproveito o facto de ontem ter feito um mês deste que cheguei a Glasgow para somar os mais e os menos destes dias que já passaram. Os primeiros foram muito difíceis, desde a ida ao supermercado à adaptação ao laboratório. Apeteceu-me fugir e voltar ao quentinho de casa.

O meu professor de Português do 5ºano disse-me um dia que eu era como aquelas televisões velhas, que demoram muito tempo a arrancar, mas que depois funcionam bem, e até têm uma imagem bonita. Assim é, começo assustada, tacteando, mas a pouco e pouco atrevo-me a ver o que está do outro lado do rio. E estou a gostar do que estou a ver.

Já ando mais à vontade pelas ruas e começo a conhecer as caras das pessoas que infalivelmente encontro de manhã. (Tenho que confessar uma coisa: a imagem de cães a correr pelos campos verdes é muito poética, mas para quem tem medo de cães é um desafio diário). Outro tem sido entender-me com os condutores de autocarros. Já paguei 3 diferentes somas pelo mesmo percurso, e é uma tortura de cada vez que tento pedir um bilhete. Eu puxo do meu melhor escocês, mas todas as tentativas têm esbarrado no escocês deles, bem melhor do que o meu e, infelizmente para mim, imperceptível na sua maioria. Até ficava bem escrever aqui um verso do SG, mas para variar deixem-me dizer que as minhas aventuras da Escoce só agora começaram.