Wednesday, November 26, 2008

gestão de emoções

Três semanas separam-me do regresso a casa. Até lá, gostaria de acabar muita coisa que tenho em mãos, pois não me agrada nada entrar no novo ano sem concluir as análises e experiências do ano velho. Mas como milagres não acontecem, pelo menos por estas bandas, já me convenci que não vou conseguir fazer o que queria. Diga-se que este processo de convencimento foi feito sem exceder muito o limite de sofrimento que este doutoramento me causa. A triste realidade é que os dias têm, faça chuva ou sol, vinte e quatro horas, e tão somente estas. A esta surpreendente saúde mental não é alheio o facto de ter passado a ir diariamente ao ginásio. Até já corro, que orgulho! Sim, porque uma pessoa cansada tendencialmente não pensa tanto, e eu, que já durmo que nem uma pedra na maior parte dos dias, agora nem um tremor de terra me acorda.

Monday, November 24, 2008

de volta à ternura

Ainda não acabei o livro, ando a poupá-lo (e nem imaginam o que isso me tem custado!) e a deliciar-me aos bocadinhos. O elefante salomão é delicioso, como maravilhosas são as outras personagens que o acompanham. Uma vez ouvi Saramago dizer que nunca mais seria capaz de escrever uma história como a do Memorial do Convento, talvez porque se tenha tornado demasiado desiludido e triste com o mundo. Com salomão temos a ternura e a esperança de volta - esperemos que ele chegue bem ao seu destino, pois tanto ele, como todos nós, precisamos de um final feliz.

Sunday, November 23, 2008

o filme

Não raras vezes as adaptações de livros ao cinema desiludem. Desta regra lembro-me de poucas excepções: O Carteiro de Pablo Neruda, um lindíssimo filme baseado num romance medíocre; O Fiel jardineiro, extraordinário, impressionante, tal como o livro. A dificuldade de transpôr um livro para o cinema e de agradar a quem já o leu é enorme, nem que seja pelo facto de que cada um de nós já realizou o seu próprio filme, necessariamente diferente daquele que vemos. E sim, é verdade que o filme não deve ser o livro decalcado, porque se tratam de formas de comunicação diferentes. E como já tinha dito, fui ver O Ensaio sobre a Cegueira mais ou menos com o coração nas mãos, na expectativa de ver o que é que o Fernando Meirelles, homem inteligente e capaz de muito, tinha feito com o meu querido livro. Fica o preâmbulo.
E o que é que eu achei do filme? No início achei a aproximação à história um bocado fria, distante, senti que faltavam lá as palavras do Saramago para fazer daquelas pessoas gente e dar sentido àquela vivência. A crueldade é tangível nas cores usadas, a solidão daquela gente visível no desfocar da câmara. Mas faltou qualquer coisa, faltava lá a humanidade, se assim posso dizer. Quando Meirelles conseguiu fazer isso, aí sim, o filme ganhou outra dimensão, nos momentos que para mim foram os mais belos: quando eles ouvem música, ainda no início da quarentena; quando as mulheres lavam, carinhosamente, uma outra já morta; quando, já no exterior, naquela cidade abandonada (como eu a imaginava), passam por uma casa onde se ouve um piano; quando se lavam na chuva e quando (e aqui emocionei-me mesmo, primeiro na expectativa do que sabia que ia acontecer, depois por ver uma das mais belas partes do livro ganhar vida) o cão lambe as lágrimas da mulher. O filme não me levantou do chão do princípio ao fim, mas acho que talvez esta fosse uma batalha perdida logo desde o início. Mas certamente não será um filme que esquecerei.

Friday, November 21, 2008

e eu que pensei que este dia nunca mais ia chegar

Recebi um email da Jean a dizer "seems fine", outro do Professor Gabriel a dizer que sim, podemos submeter. Assim, tão somente assim, depois de tantas versões, emendas e lágrimas (algumas que correram hoje, de alegria), terminei o meu primeiro artigo.

chegou, já lhe posso fazer festinhas

Thursday, November 20, 2008

do verbo impingir

impingir, obrigar a aceitar

Este ano foi a vez do meu pai receber pelos anos um livro do Amin Maalouf, o Samarcanda. Sempre que posso ofereço ou tento emprestar um livro deste senhor, para converter amigos e família a um dos escritores que é imperativo ler. Por isso não se admirem se, neste Natal, for a vossa vez.

Wednesday, November 19, 2008

8 ou 800

O meu pai sempre disse, e de vez em quando lembra-me não vá eu estar esquecida, de que sou uma pessoa de excessos, do oito ao oitocentos. É bem verdade. Gosto muito daquilo que gosto. E não gosto, com igual convicção, daquilo que não gosto. A preto e branco. Quando de gente se trata, estas pessoas que admiro profundamente, estão próximo da definição que uma agnóstica pode ter de divino. Na versão materialista são génios. O Saramago é uma dessas pessoas, como tantas vezes o digo. Gosto tanto dele, de o ler e ouvir, que qualquer coisa que escreva é meramente uma aproximação da dimensão do génio generoso que ele é ou dos tributos que ele merece que lhe sejam feitos. Esta quinta estreia o Blindness. Vou ver, sozinha, porque é assim que eu quero que seja, como que se estivesse novamente a ler o livro, sem nada que se intrometa ou me distraia.

Sunday, November 16, 2008

why not?

Lembram-se daquele episódio do Seinfeld em que o George decide fazer tudo ao contrário do que o seu instinto inicial lhe diz para fazer? Foi assim mais ou menos neste espírito que na semana passada fui a um curso de remo num lago aqui perto. Não fossem as más condições atmosféricas teria experimentado remar uns quantos metros antes de cair à água. É que aqueles barcos parecem assustadoramente estreitos e auguram frequentes mergulhos. Enfim, no próximo ano junto-me ao clube no curso para iniciados, no meu novo eu mais desportivo, temporada 2009 .

Friday, November 14, 2008

já há muito tempo que não digo mal do sócrates

Mas não pensem por isso que as asneiras dignas de serem aqui reportadas tem sido menos frequentes, eu é que não tenho tido tempo de escrever sobre elas. No tempo do Cavaco primeiro-ministro, havia o oásis. Sócrates, como bom discípulo, tem também o seu país inventado: aqui não há recessão, "continuamos a resistir". Os que não concordam com esta visão estão a ser manipulados, instrumentalizados, ou então são os chatos dos comunistas que estão sempre com a mesma conversa! As manifestações, por maiores que sejam, não demovem o governo de seguir o seu caminho. A democracia termina no momento do voto: depois, meus amigos, o governo segue o mandato que lhe foi atribuído, quando convém, ou ignora-o, quando não dá jeito.

Wednesday, November 12, 2008

refugiados ambientais

Seja por causa do aquecimento global ou devido a alterações normais de um planeta em constante mudança, a verdade é que num futuro próximo há países que vão ficar imersos devido à subida do nível médio da água do mar. Longe das talvez inconsequentes e polémicas discussões científicas, a realidade impõe-se: países como as Maldivas vão desaparecer e já criaram um fundo para a compra de terras em solo estrangeiro para realojar os seus habitantes. Já há muito tempo que não ficava surpreendida ao ler uma notícia no jornal, achei isto verdadeiramente extraordinário.

Tuesday, November 11, 2008

pensamentos inutéis e mais ou menos inconsequentes matinais

Hoje acordei a pensar: isto do doutoramento só se faz uma vez na vida, por isso o melhor é aproveitar! E assim comecei mais um dia de trabalho de laboratório, produtivo, a fingir que sou optimista.

Monday, November 10, 2008

da maratona de concertos

Cinco concertos numa semana e meia. Para a "história" ficam dois: um extraordinarimente bom, o dos Lambchop. Outro, o dos Okkervil River, agrupado na gaveta dos "tipos porreiros que fazem música boa e descontraída". E pequenas memórias, como os olhos pequeninos escondidos atrás dos óculos do vocalista dos Okkervil; o Oran Mor passou a ser o meu bar preferido de Glasgow para ouvir música; as overdoses de música, mesmo quando é boa, não é lá grande ideia.

Wednesday, November 5, 2008

michael crichton

Michael Crichton morreu hoje. Guardo boas recordações dos livros que dele li e saudades do tempo que iria passar a ler os que não chegou a escrever. Tenho a certeza que muitas aventuras ficaram por contar.

a mudança

Ouvi em directo o discurso de vitória do Obama e não posso mentir ao dizer que não fiquei emocionada com a ideia que estamos perante um momento histórico - o primeiro presidente negro da história dos EUA e um recorde de participação nunca visto deste 1908. Parece que houve pessoas que esperaram quatro horas para votar. Não querendo pôr-me no lugar daqueles que decidiram votar em Obama, penso que num mundo em que escolhemos entre candidatos que diferem muitas vezes mais no penteado do que na acção e pensamento político, Obama foi, de certa maneira, uma lufada de ar fresco. Tal qual um messias, ele é a personificação da mudança. Porque a verdade é que as pessoas sentem que a vida e o mundo não podem continuar como estão: o desejo de mudança é real, disso não tenho dúvidas. A seu tempo veremos o que significa o Yes we can e se a sua acção política irá responder aos desejos do povo americano. Nesta questão a minha resposta continua a ser tão cínica como antes: de Obama espero mais brisas do que ventos de mudança. Mas o que para mim é certo é que nada poderá ser pior que a anterior administração. Ontem pôs-se um fim a oito anos de republicanos no poder. Não teremos mais Bush e os seus lacaios e sucedâneos a pôr e dispôr dos destinos do mundo, e isso é um grande alívio.

chuva de emails pela revisão do estatuto do bolseiro

O objectivo principal neste momento é pressionar a tutela a assumir o seu compromisso de rever o Estatuto de Bolseiro nesta legislatura, e propomos que os contactos seja dirigidos prioritariamente para o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES), em particular o Secretário de Estado (SE) com quem a ABIC e o Painel Consultivo têm vindo a dialogar sobre este assunto.Porém, os emails podem ser enviados para toda a lista endereços que se segue:

Email geral do MCTES mctes@mctes.gov.pt
Ministro Mariano Gago mariano.gago@mctes.gov.pt
Gabinete do SE da CT gabinete@mctes.gov.pt
SE Manuel Heitor mheitor@mctes.gov.pt
Presidente da FCT joao.sentieiro@fct.mctes.pt

Geral da ABIC geral@abic-online.org (Pedimos que enviem, em CC ou CCo, o vosso email para a ABIC para podermos contabilizar os mails enviados)

Sujeito do email: (sugerimos que cada bolseiro improvise o seu sujeito/assunto para evitarmos a construção de um filtro por parte dos destinatários.

Proposta de Texto:

Ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior

À Fundação para a Ciência e Tecnologia


Caros Srs/Sras

Venho por este meio comunicar a minha opinião de que é necessário rever o Estatuto do Bolseiro de Investigação (EBI) nesta legislatura, e exprimir a minha frustração face à falta de progresso neste processo.

O actual Estatuto tem permitido um flagrante abuso da figura de bolseiro, incluindo a utilização das bolsas para garantir necessidades permanentes das instituições e para actividades não ligadas à formação dos bolseiros. Só um novo Estatuto que estabeleça claramente que as bolsas devem ser usadas unicamente para formação e ter um carácter temporário pode contribuir para um quadro legislativo que ponha fim a este tipo de abusos. Adicionalmente, um novo Estatuto deve consagrar alguns princípios necessários para melhorar e valorizar a actividade dos bolseiros, incluindo a instituição de um princípio de actualização regular dos montantes das bolsas, o usufruto de um regime pleno de Segurança Social e outras propostas da Associação dos Bolseiros de Investigação Científica (ABIC) e do Painel Consultivo (PC).

A tutela deve clarificar a sua posição face à revisão do EBI, em que aspectos está disposta a revê-lo, e calendarizar o processo de revisão nesta legislatura, em diálogo com a ABIC e o PC, e em articulação com as revisões em curso do Estatuto da Carreira Docente Universitário, Estatuto do Pessoal Docente do Ensino Superior Politécnico, e Estatuto da Carreira de Investigação Científica.

Agradecendo a sua atenção

Tuesday, November 4, 2008

micah p. hinson, um senhor nada simpático que canta bem

Cantou e foi-se embora. Pelo meio olhou três vezes para o relógio e disse estar farto da Europa e com saudades dos cães. E, mais importante ainda, queixou-se da pessoa que lhe tirou fotografias antes do espectáculo começar. Essa pessoa (pessoas) fui eu e a Carla - o que nos valeu é que ele não apontou para nós, senão a vergonha ainda tinha sido maior. A música dele é boa, não há dúvida, mas isso só não chega para tornar um concerto especial.


beneath the rose from joana carvalho on Vimeo.


close your eyes from joana carvalho on Vimeo.


caught in between from joana carvalho on Vimeo.


Untitled from joana carvalho on Vimeo.


Untitled from joana carvalho on Vimeo.

a festa (surpresa!)





festa surpresa from joana carvalho on Vimeo.

Monday, November 3, 2008

lambchop I


Untitled from joana carvalho on Vimeo.

callander






dia d

Não é que deposite grandes esperanças de mudança no Obama, mas se o McCain ganhar só me resta uma solução: mudar de planeta (dizem que em Marte há água!).

fim de semana de emoções fortes

Concerto dos Lambchop na sexta, a visita e companhia da Carla por três dias, uma festa de anos surpresa no sábado com balões e bolo a rigor (recebi um nano ipod vermelho, é lindo!), passeio por Glasgow, Edimburgo e Callander, concerto do Micah P. Hinson no domingo. Fica apenas o resumo, o resto contarei depois.

Callander


Edimburgo

ok, são mesmo trinta

Mesmo que eu me tivesse esquecido do meu dia de anos, os meus colegas do laboratório não me teriam deixado esquecer. As provas do "crime" estavam por todo o lado!