Monday, March 31, 2008

15 000 malas perdidas

Afinal estas barracas não acontecem só em Portugal. No maior terminal do mundo, pensado e executado usando tecnologia de ponta, inaugurado pela Rainha com toda a pompa e circunstância, já vai no terceiro dia a acumular malas e voos cancelados.

quase quase

A três dias de ir passar um fim de semana prolongado a Portugal , com a produção de DNA quase terminada, e num dia lindo de sol como o de hoje, só me apetece dar pulinhos de alegria.


Sunday, March 30, 2008

a silly season já começou

e por falar em contas

As bolsas de doutoramento não são actualizadas (não estou a falar em aumentos!) desde 2002 e, fazendo as contas a uma inflação média de 2,5%, os bolseiros tiveram uma perda real do poder de compra na ordem dos 10%. Mas destes números o Sr. Ministro das Finanças não deve estar muito interessado em falar, ou então está a imitar o PM a disfarçar os seus "estados de alma".
Mas ainda alguém acredita nesta malta?

de boas intenções está o inferno cheio

"Gostaria de poder dar a totalidade dos 2% do IVA de volta aos portugueses"

Teixeira dos Santos (Diário de Notícias)

a sobremesa

(sim, fui eu que fiz!)

Friday, March 28, 2008

horton, um elefante bem giro

Este sim, foi giro. Levezinho, divertido, com piadas engraçadas e uma animação bem feita. Gostei muito do elefante despassarado, das flores e da cidade Who.

curso de joalharia

Inscrevi-me num curso de joalharia numa escola de arte :)) Vou aprender a soldar, a moldar metal, fazer anéis e colares! É quase um desporto radical, porque vou ter que usar um daqueles lança-chamas (que não se chama assim, mas eu agora não me lembro)... bem sabemos o meu talento para situações desastrosas. Mas não interessa, estou contente - vou fazer coisas muito lindas (e sem incendiar a escola).

Wednesday, March 26, 2008

músicas para soprar ao ouvido

micah p hinson canta richard hawley




A minha ideia era escolher uma música do Micah P. Hinson, uma das tais para soprar ao ouvido. Mas depois encontrei isto e não resisti. Sarazinha, já deves conhecer, mas aqui fica :)

dos livros descartáveis

Dois livros fizeram este fim de semana prolongado: Viagens no Scriptorium, de Paul Auster, e Presas, de Michael Crichton. O de Paul Auster, certamente não na categoria de descartável, é um livro notável pelo exercício do domínio da liguagem. Só um grande escritor consegue manter a atenção do leitor quando a narração ocorre num único quarto, em que tudo é descrito minuciosamente, movimento a movimento, quase molécula a molécula.
O Presas: 345 páginas, lidas num dia, cinco euros no Modelo de Estremoz, conta a história de uma catástrofe causada por uma criação nanotecnológica que ameaça a civilização. Foi um belo investimento de capital, requereu um mínimo esforço mental para acompanhar a história e sem sentimentos de culpa por estar a ler depressa demais. A isto eu chamo um livro descartável.

Tuesday, March 25, 2008

as túlipas pretas que afinal são roxas


a minha tia

Elsa, Riloca. A minha tia tem muitos nomes. Transmontana de nascimento, 30 e tal anos no Alentejo deram-lhe o sotaque de quem nasceu a ver a planície. Faz parte da vila onde vive e conhece todos, um por um, os seus habitantes. Gosta de falar, muito, passear, e de contar histórias. Olhos doces, é uma torneira como eu. E tem um neto que suspira e dorme como ela.
Sobretudo tem um grande coração - não há muitas pessoas que gostem tanto de dar prendas. Hoje recebi uma encomenda dela, com pão e folar da terra. E se eu gosto de pão. Obrigada, tia!

amor em tempos de cólera

Cada tiro cada melro. Li o livro do Marquez talvez há mais de 15 anos, por isso só tinha vagas, remotas, lembranças da história. Do que me lembrava é que tinha gostado muito, mas mesmo muito do livro.

Ver a adaptação foi uma desilusão, apenas se salvou o desempenho de Bardem e o facto da Shakira ter passado (quase, mas não o suficiente) despercebida. Não sei se o filme foi fiel à história, mas certamente não o foi à linguagem e à riqueza delicada de Garcia Marquez. É como comparar a luxúria da floresta tropical com o deserto inóspito. Se o livro falava de amor de uma forma subtil, simultaneamente poderosa e capaz de unir as pessoas, no filme o amor carece de profundidade e entendimento - está lá só para colorir, empurrado, imposto.

Wednesday, March 19, 2008

criminosos há cinco anos, criminosos agora

A guerra do Iraque põe-me o sangue a ferver ainda mais do as discussões sobre o aborto. Ler sobre a contagem de mortos deixa-me triste, ler as citações de Bush classificando esta guerra de "justa" ou de Aznar a dizer que voltaria a fazer o mesmo e que a Cimeira foi "um momento de grande transcendência para o mundo" deixa-me absolutamente irritada.
E este é o último post sobre este tema: como nem escrever sobre isto me ajuda a apaziguar estes sentimentos de pura raiva, mais vale enterrar a cabeça na areia por uns tempos e mudar de canal quando falam sobre o Médio Oriente.

na terra dos sonhos podes ser quem tu quiseres, ninguém te leva a mal II

"Êxito que está a ser vivido no Iraque é inegável"



Bush

scottish word of the week

verbo: catch fish with your hands; prod, poke; mess about; work untidily.

guerra

Não sei o que terá sido para milhares de portugueses combater na Guerra do Ultramar. Muito menos imagino como terá sido conviver com a noção de se estar numa guerra errada, por razões erradas, iniciada por um regime fascista que oprimia o seu povo e o empurrou para um combate que visava oprimir outros povos.
Ontem, no lançamento de uma antologia do Manuel Alegre (Nambuangongo, Meu Amor) que inclui todos os poemas que o poeta escreveu sobre a Guerra Colonial, Rui Mendes disse que "Combatemos do lado errado mas a nossa consciência estava do lado certo".
Deve ter sido tão difícil, tão cruel, que só tendo a consciência do lado certo, serena, em paz, é que muitos conseguiram certamente sobreviver. Bem como os ideais, os sonhos, a justiça.

Tuesday, March 18, 2008

domingo de páscoa

A minha ligação afectiva à Páscoa tem um nome: cabrito. Como este ano, aqui na Escoce, não há cabritos, vou fazer assado de borrego que também é bom. De seguida, vou ver o "Amor em tempos de cólera". Depois de ver o trailer e de saber que a banda sonora é da Shakira, suspeito que o filme vai assassinar um dos mais belos livros do Garcia Marquez. Mas enfim, a malta tem que se entreter com alguma coisa.

do insuspeito António Barreto

Que nem sequer é, nem de perto nem de longe, comunista: "NÃO SEI SE SÓCRATES É FASCISTA. Não me parece, mas, sinceramente, não sei. De qualquer modo, o importante não está aí. O que ele não suporta é a independência dos outros, das pessoas, das organizações, das empresas ou das instituições. Não tolera ser contrariado, nem admite que se pense de modo diferente daquele que organizou com as suas poderosas agências de intoxicação a que chama de comunicação. No seu ideal de vida, todos seriam submetidos ao Regime Disciplinar da Função Pública, revisto e reforçado pelo seu governo. O Primeiro-ministro José Sócrates é a mais séria ameaça contra a liberdade, contra autonomia das iniciativas privadas e contra a independência pessoal que Portugal conheceu nas últimas três décadas.
TEMOS DE RECONHECER: tão inquietante quanto esta tendência insaciável para o despotismo e a concentração de poder é a falta de reacção dos cidadãos. A passividade de tanta gente. Será anestesia? Resignação?Acordo? Só se for medo..." (publicado no Jornal Público)

Sunday, March 16, 2008

pior que as cerejas

São passas cobertas com chocolate.

os piores sotaques escoceses da história do cinema

1º lugar: Chistopher Lambert no filme "Os imortais";

2º lugar: Mel Gibson no filme "Braveheart";

3º lugar: Robin Williams no filme "Mrs. Doubfire";

(Sean Connery também recebeu votos, que foram ignorados porque ele é de facto escocês)

desilusão

Para ser sincera não gostei muito do filme "Into the wild". Logo desde o início comecei a irritar-me com a história de que para se ser livre tem que se abandonar a sociedade, a fonte de todos os males e que serve apenas para corromper os pobres mortais que querem apenas ser felizes; a ideia de que sem dinheiro, cartões e telemóvel adquirimos uma súbita superioridade moral; que podemos ser felizes comendo amoras e deambulando pelo mundo, vendo coisas bonitas. Digam isso às pessoas que morrem todos os segundos por este mundo e vejam se as conseguem convencer a ver o lado positivo de "estar vivo". Sinceramente, fez-me lembrar aqueles tipos da casa ocupada que, por não tomarem banho, achavam que estavam a mudar o mundo.
Talvez estivesse muito cínica ontem e com o coração empedernido. Talvez as expectativas sobre o filme fossem muito altas. Talvez. Definitivamente não estava no mesmo comprimento de onda.

Saturday, March 15, 2008

Friday, March 14, 2008

planos para o fim de semana

São muito simples: ver um filme em casa, o "Into the Wild". Só me apetece estar sossegada. Eu bem digo que mais pareço uma velhinha, deito-me com as galinhas e passo a vida a queixar-me de alguma coisa.

fartinha de DNA

Desde que cheguei à Escoce, há um mês e meio, os meus dias têm sido sempre iguais: crescer células, purificar DNA, crescer células, purificar DNA. O momento mais emocionante dos meus dias resume-se ao instante em que vou medir a concentração e verificar se, em vez de DNA, obtive água pura e cristalina. Lentamente, lá vou despachando o que tenho para fazer, à custa de muitas horas de fins de semana passados no laboratório. Ontem tudo podia ter ido por água abaixo. A arca a -80 ºC, onde eu guardo as minhas preciosas amostras, pifou, e a sorte é que a temperatura não atingiu a temperatura ambiente. Só de pensar no que podia ter acontecido dá-me vontade de chorar.

Tuesday, March 11, 2008

crufts, essa instituição

Crufts é o maior campeonato de cães do mundo. Transmitem o campeonato horas a fio, têm comentadores e convidados no estúdio a discutir tamanhos e raças e a tentar adivinhar qual será o melhor cão do mundo. Mais ou menos o mesmo que nós fazemos com o futebol. Milhares de pessoas assistem ao vivo, outras tantas através da televisão. Eu fui uma delas - depois de um dia a ver museus, seguiu-se um estufado de salsichas escocês e mais uma lição de cultura britânica.


Os cães têm nomes estranhíssimos, tipo realeza, e vêm de todos os cantos do mundo. Dançam, correm, fazem provas de agilidade. Só para demonstrar que a vida de cão também pode ser difícil.
Bem, não vos vou fazer esperar mais: o melhor entre os melhores.... o cão do ano 2008 foi o... Philippe.

ship, chip, sheep

(conversa sobre o Sr. Burrell)

(eu) - Então o Burrell enriqueceu a fazer ships (barcos)
(Vicky) - Chips (risos) (batatas fritas)??????
(eu) - Ships, sabes, big boats (barcos grandes)

É difícil. Piss, peace, piece. Ship, chip, sheep. Shit, sheet.

pollok house, coleccção burrell e meia dúzia de vaquinhas das highlands

A vaca, parte de uma manada que é mantida nos terrenos da casa de Pollok.

Pollok house


The Burrell collection: o edíficio que aloja a colecção de arte oferecida pelo senhor Burrell à cidade de Glasgow é magnífico, ele mesmo uma obra de arte. Foi desenhado especialmente para receber esta colecção e encontra-se no meio do parque, junto às árvores. Tem janelas enormes para receber toda a luz e cria uma atmosfera envolvente e acolhedora. Foi o que gostei mais - disso e de um quadro de Degas, com duas raparigas, vestidas de tons de azul, tranquilamente a beber cerveja. Procurei e voltei a procurar o quadro para mostrar aqui, mas nada, nada.

já cá canta

Thursday, March 6, 2008

dificuldade de governar

Se governar fosse fácil
Não havia necessidade de espíritos tão esclarecidos como o do Führer.
Se o operário soubesse usar a sua máquina
E se o camponês soubesse distinguir um campo de uma forma para tortas
Não haveria necessidade de patrões nem de proprietários.
E só porque toda a gente é tão estúpida
Que há necessidade de alguns tão inteligentes.

Ou será que Governar só é assim tão difícil porque a exploração e a mentira

São coisas que custam a aprender?


(Bertolt Brecht)
Tradução de Arnaldo Saraiva

sara

Não é fácil escrever sobre uma pessoa de quem se gosta tanto. Vamos lá ver, como começar?

A Sara não é uma super-mulher. Até há quem diga que tem mau feitio. Nada disto é verdade: se eu a descrevesse diria que é alguém que pensa muito, e por pensar tanto, vive a vida da maneira que quer, determinada, exigente com os outros, mas principalmente consigo mesma. Sem se desviar um milímetro das suas convicções.

Tem uma capacidade extraordinária para fazer amigos e para os conservar ao longo do tempo – tem amigos há anos, alguns desde a infantil, outros do tempo da Universidade, como eu, e outros ainda mais recentes. Todos estes amigos, boa gente por sinal (e isso não é coincidência), têm uma coisa em comum, uma admiração e carinho profundo por ela.

Há quem diga que é muito atenta aos pormenores, aos mínimos detalhes. Ao milímetro, uma vez mais. É verdade e é isso que faz dela uma grande amiga. Não é preciso dizer muito para a Sara adivinhar o que sentimos e dizer aquilo que pensa. Ao pé dela sou quase transparente.

Gosto muito da maneira como ela vive a grande paixão que sente pela música, a dedicação e obsessão em conhecer mais e diferentes coisas, e a partilhá-la com os outros.

A Sara já partilhou tanto comigo, e eu com ela, que tenho a certeza que ela se encontra entre as raras pessoas na minha vida que, contando com todos os imponderáveis que a esta nos proporciona, nunca me irá deixar. E eu a ela.

A Sara não é uma super-mulher, é apenas, e tão somente, uma rapariga maravilhosa.

Parabéns, prima mais velha! Ah, a tua prenda está a caminho…

Wednesday, March 5, 2008

cresçam minhas lindas

"nós queremos uma mudança na América"

Diz Barack Obama. Uma mulher ou um afro-americano - desta decisão parece estar dependente a propagandeada mudança no país mais poderoso do mundo, como o facto de se ser mulher ou afro-americano fosse só por si um prenúncio de uma coisa boa. Exemplos de mulheres com práticas condenáveis há muitos, basta olhar para a actual Secretária de Estado dos EUA, a Sra Condoleezza Rice. Delicadamente, com um sorriso provavelmente muito feminino, lá vai dando palmadinhas nas costas de uns e outros nas visitas que faz ao Médio Oriente. Para que tudo continue na mesma.
Na minha maneira de ver as coisas são as ideias e, principalmente, a prática política que determina o julgamento que se faz de alguém. Nestas eleições nos EUA a mudança real está provavelmente arredada da corrida, refém dos milhões e milhões de dólares que é necessário reunir para concorrer. Alguém é ingénuo o suficiente para acreditar que as doações que estes candidatos recebem provêm de bem-intencionadas almas? E que a democracia começa e acaba com Democratas e Conservadores? E que a mudança virá de discursos vazios de conteúdo, cheios de chavões yes we can?
Gostaria de acreditar nessa tal mudança, mas não acredito que ela vá acontecer.

um ano a postar

Tuesday, March 4, 2008

se há uma profissão estúpida

É a de ser politólogo. Mas que raio é isto??

Monday, March 3, 2008

e se começássemos outro?

Só por um canudo é que o Sporting e o Benfica vêem este campeonato :))

está a nevar neve a sério

Batem leve, levemente,
como quem chama por mim.
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim.

É talvez a ventania:
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho…

Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento com certeza.

Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria….
Há quanto tempo a não via!
E que saudades, Deus meu!

Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho…

Fico olhando esses sinais
da pobre gente que avança,
e noto, por entre os mais,
os traços miniaturais
duns pezitos de criança…

E descalcinhos, doridos…
a neve deixa inda vê-los,
primeiro, bem definidos,
depois, em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!…

Que quem já é pecador
sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!…
Porque padecem assim?!…

E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na Natureza
e cai no meu coração.

(Augusto Gil)

se eu fosse um objecto era uma


Saturday, March 1, 2008

hoje desligo o cérebro

Nada melhor para desligar o cérebro do que ver um filme estúpido. Ainda resulta melhor se for uma comédia romântica (logo vos digo se foi tão mau como eu espero que seja).
"Marido acidental"

ainda por cima tem graça



X: "Baby you're my light!"
Richard Hawley: "I'm your what?"
X "YOU'RE MY LIGHT!
Richard Hawley: I'm your light? and what are you, a cigarrette?
(risos)
Richard Hawley: ok, I'll smoke you later.

(thanks s)

a banda da minha fase aquática, em portugal



Kings of Convenience - Casa da Música, Porto (22 Julho)

beirut, em portugal



(data e local a confirmar)

marta

No outro dia disse à Gill que ia parar de me queixar da seca que é purificar DNA aos quilos e ela respondeu-me "Did Marta told you off?" (traduzido é mais ou menos isto: a Marta pôs-te na ordem?). Ouço o mesmo quando me queixo que cozinhar todos os dias é uma seca e de não ter cá a minha wee sister para me ajudar. A Gill e a Vicky passaram três dias em Portugal e descobriram logo quem é a organizada da família. Raios. Mas a minha irmã faz-me falta para tudo, tudo mesmo.