Wednesday, February 29, 2012

da ignorância

A ignorância, em mim e nos outros, incomoda-me. Tenho grandes lacunas de conhecimento sobre a História do meu país e do mundo, e delas me apercebo quando leio jornais, no cinema, nas conversas do dia-a-dia. No meu cestinho de compras quero por três livros de António Borges Coelho ("Donde viemos", "Portugal Medievo" e "Largada das Naus"), esperando que estes me permitam saber um pouco mais sobre quem somos.

Sunday, February 26, 2012

a léguas do Artista

Drive, Shame, Tinker Taylor Solder Spy ou Tyrannosaur - estas são as minhas escolhas para os melhores filmes de 2011.

mistérios de lisboa

Entrei na sala de cinema ao meio-dia e só vi a luz do dia eram já cinco da tarde. Não posso dizer que o tempo tenha passado a correr - quatro horas são quatro horas - mas Os Mistérios de Lisboa é um filme que se vê sem esforço e sem pressas. A minha recordação dos livros de Camilo, provavelmente cristalizada com a leitura dos Amores de Perdição, é que estes eram povoados de personagens que se consomem em amores impossíveis. As mulheres vão parar a um convento e os homem morrem de tuberculose de tão frágeis. Reencontrei essas personagens, tuberculosas ou desesperadas, mas desta vez interessei-me pelo seu destino. A música e a fotografia, o olhar de Raúl Ruiz sobre a obra de Camilo Castelo Branco, transformam esta história num épico. A ver.

está um lindo de sol

Céu azul, os passarinhos assobiam lá fora. Ouço o novo disco dos Lambchop e conto os dias para o concerto que se avizinha. O mundo parece prometer mais quando a Primavera se aproxima.

Tuesday, February 21, 2012

Monday, February 20, 2012

não somos a grécia, repetem

Não somos a Grécia, é verdade, mas com o povo Grego estamos solidários. As ruas de Atenas são nossas, conhecemo-las tão bem como aqueles que as percorrem desde criança. Não importa quem somos, nem tão pouco onde nascemos ou o que fizemos até aqui: o horizonte de esperança que queremos é o mesmo.

chegou!

Sunday, February 12, 2012

da janela do meu quarto, o inverno

martha marcy may marlene

Perturbador, mas não o suficiente. Aqueles bosques e esta música vão, no entanto, ficar na minha memória.


Thursday, February 9, 2012

Oleanna, de David Mamet

Encontrei-me com uns quantos amigos no Eagle (o pub do Watson e Crick!) e de lá fomos para o teatro. Aquele espaço pequenino e familiar acolheu nessa noite uma história tensa e cheia de subtilezas. Gostei mesmo da peça. Pesei os argumentos de cada uma das personagens, medi atentamente cada uma das suas reacções e, no final, escolhi um lado e condenei o outro: Oleanna obriga-nos a decidir.


A noite terminou onde começou. Enquanto conversávamos bebi leite com chocolate, os meus amigos uma cerveja. Demorei dois anos a arranjar companhia para uma noite assim.

Tuesday, February 7, 2012

escolhas (ou a falta delas)

Queria aprender mais - foi minha a escolha quando saí de Portugal há quase cinco anos atrás. O meu doutoramento incluía uma colaboração entre o Instituto Superior Técnico e a Universidade de Glasgow. Na Escócia encontrei melhores condições de trabalho, mas mais do que tudo, esta experiência contribuiu, de forma decisiva, para o abrir dos meus horizontes científicos e pessoais. Conheci pessoas de todo o mundo, partilhei com elas a minha cultura e através delas conheci um mundo diferente. Depois de acabar o meu doutoramento continuei por aqui, mas desta vez tratou-se de uma decisão e não de uma escolha, se é que me faço entender.

Repito isto muitas vezes: os meus conhecimentos e a metodologia que uso no meu dia-a-dia e que me permitem desenvolver com eficácia o meu trabalho foram alicerçados nas salas de aula do meu país. Estranhamente, e apesar da minha aprendizagem me ter garantido emprego numa das mais prestigiadas empresas de biotecnologia americanas, o meu país não me quer de volta.

Leio nos jornais esta vaga de insultos ao nosso povo e isso deixa-me imensamente triste. Chamam-nos piegas, preguiçosos, apelam ao êxodo, como se isso foi coisa fácil. Falam como se não tivessem responsabilidade alguma, como se fossemos inquilinos do nosso próprio país. Oferecem-nos a ignorância e a miséria, tiram-nos o horizonte, o chão, a esperança. Os ecos de casa trazem notícias cada vez mais tristes.

Antes do 25 de Abril, muitos foram os que saíram por serem perseguidos e outros tantos foram empurrados pela fome e desespero. Sinto que estamos cada vez mais próximos dessa realidade. Acredito que as portas do meu país se estão novamente a fechar - para muitos de nós, o voltar a casa pode não ser uma opção e isso é terrivelmente cruel.

Monday, February 6, 2012

dinamarquês para principiantes

Na outra noite acordei com a sensação de que tinha falado, durante o sonho, em dinamarquês fluente. Já me aconteceu sonhar em inglês, mas nunca me tinha dado conta que os meus horizontes linguísticos se estendiam a paragens nórdicas. A minha recente obsessão com o Forbrydelsen tem, certamente, algo a ver com esta, até agora desconhecida, capacidade.

Sunday, February 5, 2012

londres

Em Londres depressa mudamos de cenário: do quente dos bairros familiares, ao frio distante dos corredores da alta finança; do burburinho de uma sala de espectáculo e corrupio das estações do metro, para o silêncio de um parque numa tarde de inverno. Talvez apenas Nova Iorque tenha a capacidade de transmitir isto (pelo menos assim o imagino, porque nunca lá fui): a sensação, muito concreta, de que entrámos num qualquer filme.

serei, em breve, a orgulhosa proprietária de um 4 rodas

Gostava muito de poder adjudicar a compra do meu carro a terceiros. Mas que remédio tenho eu se não percorrer sites de carros em segunda mão e aventurar-me em stands a fingir que percebo alguma coisa do assunto? E quando me ponho a pensar que vou andar para aí a conduzir? Talvez (e aí reside a minha fugaz esperança) eu me venha a revelar uma excelente condutora do lado esquerdo da estrada . É isso mesmo, faz todo o sentido que assim seja.

de volta aos concertos

Tinha saudades de ir a concertos e só me apercebi disso ontem, enquanto aguardava pela chegada dos manos Dessner ao palco. E mais uma vez constatei que Londres é já ali, por isso nem a distância me serve de desculpa. Bem, talvez a neve seja. O próximo concerto é o dos Lambchop, também no Barbican Centre no dia 1 de Março, e os Magnetic Fields, no dia 28 de Abril em Dublin. Sim, Dublin. Se a fórmula The National + Berlim funcionou na perfeição, nada menos do que isso se espera para este fim-de-semana primaveril na capital irlandesa.

vou para a festa, vim da festa

Nunca o desconsolado "vim da festa" me soou tão apropriado como ontem. Depois de duas horas a ouvir (encantada!) os irmãos Dessner&Co estive outras duas enfiada no comboio que me iria trazer de volta a Cambridge. Desisti de apanhar um taxi para casa depois de 15 minutos a apanhar com neve na cara e sem esperança alguma que algo semelhante a uma coisa com 4 rodas e um motor se materializasse à minha frente. Já estava preparada para começar a andar quando vi um autocarro (nunca mais digo mal do City 1). Mas juro que houve momentos em que achei que teríamos que descer do autocarro para ajudar o pobre a subir as quase inexistentes subidas desta terra. Enfrentei a tempestade a pé durante mais um bom bocado até chegar a casa e beber um merecido chá. A magia da neve não tem o mesmo encanto quando se demora mais que 3 horas a chegar a casa. Nem as boas memórias de um concerto sobrevivem quando se está a tiritar de frio...

Friday, February 3, 2012

estou a contar os dias para o início desta nova aventura

O meu futuro vai passar por uma empresa pequena e com um ambiente mais internacional do que aquele que me é agora familiar. Irei compor o mosaico europeu e juntar-me a espanhóis, turcos, polacos e ingleses. Vou ajudar o grupo de biologia celular a crescer. E ver-me, assim, também a crescer.

final feliz

Apesar de tudo, nos últimos meses, consegui manter-me calma. Talvez não seja inteiramente fiel à verdade se assim descrever o meu estado de espírito. Tive momentos de apatia e dormência generalizada. Chorei, muitas vezes senti-me extremamente ansiosa e preocupada. Reuni, contudo (e que outra opção havia?) energia para actualizar o currículo, pedi ajuda à minha chefe e aos meus orientadores para fazê-lo o melhor possível, e comecei a concorrer a empregos. Fui a entrevistas. Habituei-me a andar com o telemóvel permanentemente comigo, a ver o email 500 vezes por dia à espera de ouvir boas notícias.
Estas chegaram num final de tarde, caminhava para casa e tinha já dado o dia como terminado. Dei pulinhos de contente no meio da rua e corri para casa para telefonar ao meu pai, à minha irmã e amigos. Nunca se sente tanto a falta da gente de quem gostamos do que quando temos notícias boas para partilhar.