Thursday, September 27, 2007

lágrimas, lágrimas, mais quantas lágrimas

Esta criança é igual a tantas outras crianças israelitas. Mas nesta história há um ocupante e um ocupado, um país poderoso militarmente que esmaga um povo perseguido. Nesta história só posso estar de um lado: o da Palestina livre.
Uma criança assiste da janela ao funeral de dez palestinianos mortos ontem na sequência de uma intervenção do Exército israelita no norte da Faixa de Gaza. Foto: Mohammed Salem/Reuters. (in Público online, 27/09/07)

o senhor é um palhaço, mas dou-lhe razão

Santana Lopes foi ontem vítima da república das bananas que ajudou, não a criar (porque os problemas do nosso país não são exclusivos do curto reinado dele), mas a dar roupagens muito mais coloridas.

Já há uns tempos disse que o nosso mundo parecia um circo. Neste circo mundial, depressa caminhamos para estrelas da companhia. Interromper uma entrevista sobre o futuro do PSD para transmitir a chegada do Mourinho não cabe da cabeça de ninguém. Ontem li uma entrevista do Spike Lee, em que este dizia que se antes a comunicação social serviu para aumentar as nossas liberdades e garantias, agora serve para atordoar as mentes. Não posso concordar mais.

Num país em que o nosso Primeiro só diz palavras ocas, um Presidente tão mau que só não entro em depressão profunda porque ainda estou em negação - o nosso circo é assim tão pobrezinho, com os palhaços mais tristes e com os truques tão fáceis de adivinhar, com um gato magricela e um periquito a fazerem as vezes dos elefantes e leões.

fátima, jamais

Então aqueles palermas perderam com o Fátima da segunda divisão???????? Será isto a prova que faltava para eu passar a acreditar na intervenção divina? Ou será simplesmente um caso de pura nabice?

andré

Era uma vez uns pais chamados Miguel e Joana. Era uma vez uns avós chamados Elsa e Luís, uma bisavó Maria José, um tio-avô Zé Francisco e duas primas, Joana e Marta. Era uma vez um André. Era uma vez uma família unida pela ternura e amor. Bem vindo, pequenino!

Wednesday, September 26, 2007

de que cor é o Natal este ano?

e.t.

Ontem a Kate (a rapariga com quem partilho a casa) brindou-me com mais uma pérola: perguntou-me se comemorava o Natal em Portugal. Nunca viu um filme do Wooddy Allen, raramente vê as notícias ou vai ao cinema, e tenho a certeza que ouço com mais atenção o que o PM do país dela diz. Infelizmente não está sozinha no planeta da ignorância, pois bem sabemos que preciosidades como estas ouvimos nós com mais frequência do que gostaríamos.

adivinhem quem está no top da minha lista negra?

És tu, Maria Inês. A Patrícia redimiu-se à última da hora, mas tu, minha querida amiga, espero que já estejas a contactar bandas para a minha chegada à Portela! Estou a brincar, mas bem sabem a falta que me fazem por terras da Escoce. Tenho muitas saudades vossas, dos nossos jantares e idas ao cinema, que em breve serão retomados. Não no King, pelos vistos. Ou no Nimas.

Tuesday, September 25, 2007

não foi a descoberta da pólvora, mas quase

No sábado novos horizontes culinários se abriram quando descobri que conseguia fazer puré comestível. De então para cá comi puré em quase todas as refeições (frango com puré, almôndegas com puré, empadão), que maravilha!

provavelmente o dia menos produtivo do ano

Ontem. 6 posts e 3 soluções (uma delas só acertei à terceira). Falei com a Marta e com o meu pai no skype. Nem parece que tenho toneladas de coisas para acabar. Os primers que preciso para os PCR estão em parte incerta, a minha orientadora foi de férias na altura em que mais preciso dela. Resta-me esperar. 30 dias (e assim começa novamente a contagem decrescente).

Monday, September 24, 2007

vacinas contra a Sida: um futuro ainda longínquo

Mais um passo atrás

no comments

É bem feita, quem me manda ir ver um filme com a Angelina Jolie?

quando as bandas sonoras são personagens inesquecíveis II

Pulp Fiction
Kill Bill


Death Proof

bancada central

Para esta temporada já tenho bilhetes. A Orquestra Sinfónica da Escoce começou este sábado a nova temporada de música, com um concerto maravilhoso que serviu como aperitivo para os concertos que vão executar o resto do ano. Terminaram com a composição que serve de banda sonora do E.T., na cena em que eles sobem pelos céus na bicicleta - foi mesmo muito muito bonito. Organizam os concertos por temas, como "Primavera" ou "Romance" ou "Bandas sonoras", o que eu acho uma ideia excelente! E o maestro parece saído de um filme de desenhos animados, tem o cabelo pelas orelhas, encaracolado, e abana muito a cabeça, estão a imaginar?


Nisto da música clássica sou muito ignorante, mas com bilhetes a cinco libras bem posso deixar de o ser. As crianças não pagam (e havia lá muitas, infelizmente um bocado barulhentas, mas enfim, tem que ser se não queremos ter adultos estúpidos e ignorantes no futuro!), estudantes têm acesso a bilhetes a cinco libras, e os desempregados também não pagam. Assim é que se promove a cultura, boa?

silêncio

tem ar de totó, mas canta tão bem

É um senhor muito simpático, que usa óculos. Gosta muito de pubs, de fumar e de beber. Tem uma popa, 3 farrapos a fazer as vezes de uma franja, ar de totó. Usa calças de ganga justas, sapatos pretos, gosta de falar com o público e de dizer piadas. E canta tão bem…
O concerto foi no City Halls. Quando se entra no edifício vêem-se duas escadarias que dão acesso às cadeiras - parece-se com o nosso Coliseu de Lisboa, mas mais pequeno e mais redondinho. O palco tinha ao fundo um pano branco ondulado, onde foram sendo projectadas luzinhas de várias cores.

O Richard Hawley, a banda, tudo tem um ar que não sei bem localizar no tempo. Não sei bem como explicar, mas ele, as músicas e a banda parecem vindas de uma outra época e de um outro espaço. Imaginava o Richard Hawley um senhor pacato e reservado, muito por causa das letras e das melodias das músicas que escreve. Estava muito enganada, os pubs são a casa dele fora dos palcos.

Falou muito entre as músicas. Contou-nos que a primeira coisa que faz quando chega a um novo local de concertos é ver onde é a saída de emergência mais próxima, para ir fumar um cigarro antes do encore. Casado há 17 anos, 99% das músicas são dedicadas à mulher (digo eu). O truque para um casamento tão duradouro? Segundo o próprio, dois jantares românticos por semana, às terças janta ele, às quintas janta ela (ahahah).

Canta como se estivesse num pub entre amigos. Fiquei com essa impressão não só pelo à vontade com que se dirige ao público (dos 5 aos 70 anos), mas porque se percebe que este cresceu com ele, desde o tempo em que ele fazia gigs em Sheffield, aos dias em que pertencia aos Pulp, até hoje, em que canta a solo.

Foi um concerto muito lindo. Ainda tenho que treinar esta cena de ser repórter de concertos, mas o alinhamento foi este (mais coisa menos coisa):

1. Valentine;
2. Roll river roll;
3. (escreveu esta música quando tinha 16 anos) lalala (…) walking through the snow lalalala (…) be still in my mind;
4. Dark road;
5. lalalala Hold back the night;
6. Tonight the streets are ours;
7. Lady’s bridge;
8. Hotel room (escreveu esta em Glasgow);
9. Serious;
10. lalalalla Seek me lalalalala All I want from you lalalalala Please darling
11. Our darkness;
12. The sea calls;
13. lalalala 100 last time lalalala;
14. lalalalala Last goodbye lalalalala;
15. I’m looking for someone to find me;
16. lalalala Not tonight lalalala;
17. The ocean;

Sara, foi mais ou menos assim. Nem faltou o histérico (neste caso uma ela) de serviço (Caterpillaaaaaaaaar).

Friday, September 21, 2007

malditos pombos

Lembrem-se de notícias destas quando defenderem os direitos dos pombos à vida ou se virem gente a alimentar essa fonte de doenças com asas.

atraso de vida

Os filmes no Reino Unido são lançados muuuuuuuito lentamente. O "novo" do Tarantino só estreou hoje, o Ratatouille só chega dia 12 de Outubro. Entretanto o cartaz de cinema está cheio de pessegadas e os meus fins-de-semana cheios de horas a preencher... Só me resta ir ver o belo cinema europeu ao Glasgow Film Teatre, que é o King da zona e um verdadeiro achado, mas às vezes não apetece, percebem?

mais um programa de culinária, sim, porque não?

O que vejo mais na televisão são programas de culinária. Jamie Oliver, Nigella Express, The restaurant, e os que mais houver. Agora percebo porque é que a minha avó Adelaide coleccionava revistas de culinária (do chefe Silva, claro está!) - o mais difícil na arte de cozinhar é pensar no que se vai fazer. Vou sair da Escoce cozinheira.

cheerio, jose


Tuesday, September 18, 2007

lobo antunes

Lobo Antunes foi recentemente homenageado em Berlim, tendo sido apresentado como "o maior escritor lusitano da actualidade, mesmo tendo em conta José Saramago". Nunca li nada do senhor, confesso, em parte porque o meu pai e a minha avó nunca lhe acharam muita graça, em parte porque me irrita a postura arrogante do senhor.
Outra coisa que também me irrita quando se discute o Lobo Antunes é o facto de se falar constantemente dele em oposição à escrita do Saramago. Mas entrando nesse jogo... A minha paixão pelo Saramago é mais do que admitida, ele é para mim um dos melhores escritores do mundo e não é porque ganhou o Nobel. Li o primeiro livro do Saramago aos 15 anos e apaixonei-me por ele até hoje. OK, admito estar a perder algo em nunca ter lido nada do Lobo Antunes, e para tirar as teimas está prometida uma leitura dum livro dele para breve. Mas duvido que ele tenha criado personagens tão bonitas com a Blimunda e o Baltazar, mas isso sou eu com o meu mau feitio e, talvez, com a minha falta de objectividade.

a solidão está nos genes?

Marcas de solidão no genoma, será?


Monday, September 17, 2007

o senhor é um senhor

Ontem fui ao concerto do Richard Hawley. Compenetrada na minha tarefa de ser os olhos e ouvidos da Sara, desta vez até levei um caderninho para apontar as músicas que o senhor cantou. O post está em preparação, querida prima mais velha, e os vinis comprados para a tua colecção estão a repousar em minha casa. Ontem estiveste ao meu lado, a ouvir as mesmas músicas que eu, e foste para casa com os olhinhos a brilhar e em silêncio, como sempre fazes quando queres guardar o que viste e ouviste durante mais tempo.

memória de peixinho vermelho

Lembrar-me da letra da Simona do maldito James-mete-nojo-Blunt, que está constantemente a passar na rádio que por cá se vai ouvindo, isso consigo, até trautear a música do princípio ao fim, que inferno! Mas lembrar-me do código do multibanco, isso já não. A minha esperança é vir a sonhar com os números, brevemente.

euqueroumsotaqueassim

Parece-me bem que vou sair da Escoce com um sotaque tipo francês do Mário Soares, mas felizmente melhor do que o inglês do Special One. Pelo menos uso verbos.

a herança

A herança, filme francês passado na Geórgia, é a história de três franceses que herdam um castelo em ruínas. Durante dois dias viajam numa carrinha a cair aos bocados, encontrando pelo caminho personagens estranhas, incluindo um avô, um neto e um caixão. O avô vai ser executado, numa tentativa de acertar contas entre famílias de duas aldeias rivais, mas tudo corre mal. O avô morre de ataque cardíaco e o neto é assassinado em sua vez, enquanto que os franceses estão entretidos a filmar os acontecimentos. Tudo filmado muito lentamente, com personagens caricaturadas e sem metade da graça das criações do Kusturica. Para ser sincera, não percebi exactamente para que é que fizeram este filme, mas o que vale é que foi curto.

quando as bandas sonoras são personagens inesquecíveis

Hallam Foe é um rapaz traumatizado pela morte da mãe e que encontra o reconforto em espiar a vida dos outros. Do alto dos tectos de Edimburgo, Hallam procura-se e procura o amor. Quem nunca se deparou a observar os outros e a questionar como vivem as suas angústias, pensamentos e desejos, o que faz as outras pessoas felizes? Quem nunca desejou viver a vida de outros e assim conseguiu apaziguar a sua solidão?

Este é um filme em que a banda sonora é uma personagem de corpo inteiro – ao lado de Jamie Bell (o rapaz tem mesmo jeito para isto do cinema, o Billy Elliot não foi um acidente!), com um ar misto de angústia, carência e meiguice, com Edimburgo como pano de fundo – as músicas foram escolhidas a dedo e combinam maravilhosamente com o filme, dando-lhe outra dimensão. A não perder.

Friday, September 14, 2007

Thursday, September 13, 2007

hello??

O meu cérebro está a acordar progressivamente mais tarde, a cada dia que passa. Hoje o pobre desgraçado só deu sinais de vida ao 12.30.

Wednesday, September 12, 2007

2 days in Paris

Este vale a pena ver. Não é que todos os franceses sigam este estereótipo, mas é um filme engraçado sobre o choque da cultura francesa e americana. E este americano não é estúpido, não gosta do Bush e do Código da Vinci.

Tuesday, September 11, 2007

depois da pessegada americana

Atonement, a pessegada britânica

afinal a opel não faliu

Andei baralhada uma série de tempo porque comecei a reparar que em vez de ver a marca Opel nos Astra ou Corsa via a marca Vauxhall. Intrigada, comecei a andar mais atenta e lá estava a aquela marca estranha, em carros antigos e novos. Que raio, mas a Opel faliu e eu não soube de nada? E deram-se ao trabalho de substituir o símbolo nos carros velhos?? Ontem finalmente esclareceram-me esta dúvida que me andava a atormentar: no Reino Unido a Opel chama-se Vauxhall... Mas porque é que esta gente tem a mania de ser diferente?? E porque é que eu perco tempo a pensar nestas coisas?

o circo

Não tenho mais paciência para o caso McCann. Não se fala de outra coisa, não se vê mais nada, e cada um tem uma opinião especializada a dar. Se antes Portugal para os Britânicos era o Algarve, agora somos um país de terceiro mundo com uma polícia amadora.
Não sei se os pais da criança são ou não culpados, mas gostava que não estivéssemos num mundo em que tudo é um espectáculo, um circo, como se vivessemos numa telenovela ou num episódio do CSI.

bolo de bolacha mutante II

Estou lá quase, Ermelinda! A técnica da faca quente ajudou um pouco, mas as bolachas ainda ficaram desfeitas e o bolo no geral um bocado escavacado, mas ficou muito bem disfarçado com as coisinhas coloridas :)
Curso de culinária a partir de Novembro, pode ser?

Friday, September 7, 2007

Thursday, September 6, 2007

não há festa como esta

Amanhã começa mais uma Festa do Avante! e eu, pela primeira vez desde há muitos anos, não vou estar lá. Vou à Festa desde criança, primeiro com os meus pais e avó, depois com os meus camaradas e amigos. Não há lugar como aquele, porque é o resultado da solidariedade, amor e dedicação daqueles que ajudaram a construir a Festa. É única.

É um espaço de liberdade, fraternidade e de sonho, respira-se um mundo diferente, sonha-se com um mundo diferente. Não há como descrever o que sinto quando vejo o palco 25 de Abril, mas invariavelmente fico arrepiada quando vejo as bandeiras, as cores, as pessoas a dançar a Carvalhesa, uma cidade nova em que somos felizes durante 3 dias. Não há outro lugar em que haja tamanha concentração de arte, livros, música, gastronomia, teatro, ciência. Não há mesmo festa com a Festa do Avante!

É tão bonito viver aqueles três dias, e quem me dera estar lá. Quantas saudades tenho das outras festas passadas e que saudades tenho das que ainda vou viver.

outono

O tempo tem estado mais ou menos bom no último mês, muito melhor do que o Julho chuvoso e cinzento que tivemos, com uma semana inteirinha com sol (uau, dizem vocês). Mas receio que a partir daqui seja sempre a descer. Os dias estão a ficar mais curtos e o frio e a chuva constante não devem demorar a chegar. Ainda bem que me vou embora, e se os meus pedidos ao S. Pedro resultarem, vamos ter um Inverno bem seco em Portugal.

o sonho impossível

Quando decidi fazer o mestrado (e depois o doutoramento) em vacinas de DNA contra a Doença do Sono não sabia muito bem no que me estava a meter. A Doença do sono é uma doença que ninguém estuda porque comercialmente não é lucrativo tratar umas centenas de milhares de pessoas que vivem nos confins de África, nas zonas mais pobres do continente, a morrer longe, tão longe, que é fácil fechar os olhos. Só existem 4 medicamentos disponíveis, com efeitos secundários inaceitáveis para os padrões ocidentais, mas que ainda assim só continuam a ser produzidos porque a OMS subsidia a sua produção. Foi a ideia romântica de ajudar a resolver um problema que interessa a poucos que me entusiasmou, mas também o facto de se usar DNA para produzir uma vacina e a "inteligência" e capacidade do parasita em escapar às defesas do sistema imunológico.
Do sonho rapidamente se chega à crua realidade e nestes últimos dois anos e meio andei literalmente a coleccionar maus resultados e a ver este doutoramento como uma missão impossível.
Mas há esperança, tive pela primeira vez resultados promissores e finalmente um vislumbre de uma possível vacina! Fiquei histérica, literalmente aos pulinhos, e a beliscar-me para ver se era verdade... estou tão habituada a só ter maus resultados que ainda tudo me parece mentira.

Wednesday, September 5, 2007

ou vai ou racha - o desabafo necessário

Odeio aqueles dias decisivos em que fico a saber o resultado de uma experiência. No último mês tenho andado a extrair mRNA das amostras que recolhi dos ratinhos e que, portanto, são únicas e insubstituíveis, pois não acho provável que os ratinhos ressuscitem ao 7º dia. Não há nada melhor para aumentar os níveis de stress do que trabalhar com amostras únicas, em que não há lugar para segundas tentativas. Depois de fazer essa extracção tenho que verificar se o mRNA está em boas condições, e é isso que tenho andado a adiar adiar, como se isso resolvesse alguma coisa. Hoje de manhã resolvi deixar de ser cobarde e enfrentar os meus demónios de uma vez por todas - ou acabo o dia a rir ou a chorar, vamos lá ver.

Monday, September 3, 2007

bom apetite

Já há muito tempo que tinha prometido fazer um jantar português para os meus colegas do laboratório. Não convidei todo o departamento, como há algum tempo atrás certamente teria feito - apenas meia dúzia de cromos que ainda não são meus amigos, mas também já não são só meus colegas.

Uma das coisas que tenho aprendido na minha estadia aqui é que não é justo, ou razoável, ou realista, esperar que as pessoas que tenho conhecido sejam minhas amigas para a vida. Estou de passagem, mas de início esperei encontrar ou consolidar amizades, ou sentir o mesmo conforto que sinto quando estou com amigos mais ou menos antigos, mas isso não é possível em tão pouco tempo. Não tenho que gostar de todas as pessoas, nem devo esperar que toda a gente goste de mim. Há diferentes tipos de amizades, mas por agora estou satisfeita com o que tenho, meia dúzia de pessoas com quem é possível ter uma noite agradável. Pode não parecer muito, mas para mim é importante ter percebido isto, ou melhor, ter-me convencido que a vida é mesmo assim.

Bem, mas quanto ao jantar. Quando um dos pratos nacionais é o fish and chips (e daqui podemos certamente tirar ilações quanto à qualidade da comida que por cá se come), o jantar made in Portugal foi um sucesso: bacalhau, quiche de espinafres, queijo e pasta de atum, bolo de chocolate e baba de camelo, foi um regalo para aquelas barriguinhas escocesas.
E se isto da ciência correr mal, e depois de saber que estes senhores pagam 300 libras por um dia a aprender a cozinhar um prato, ainda monto aqui um negócio - bem verdadeiro é o provérbio que diz que em terra de cegos quem tem um olho é rei.

countryside of life

A Escoce é muito mais do que cidades e vilas. Há imensas áreas sem escocês à vista, apenas vacas, ovelhas e veados, dizem, embora ainda não tenha avistado um. Agora já posso dizer que conheço a Escoce de costa a costa, pois este sábado percorri quase todo o sul. O mais engraçado que vi, e que é completamente diferente da nossa linha costeira, é haver floresta mesmo junto ao mar, um contraste lindíssimo. Muitas flores e árvores para fotografar, um regalo para os olhos e um descanso para a alma.