Wednesday, April 25, 2007

a minha avó adelaide

As saudades que eu tenho da minha avó Adelaide são gigantescas, todos os dias, e sempre assim será. Mas talvez um dos dias em que penso mais nela seja hoje. Gostava de ouvir a Grândola e tinha sempre um brilho de alegria nos olhos no 25 de Abril. Contava-me dos tempos em que vivia em Coimbra, ao pé do quartel, e que tantas e tantas vezes olhava para aqueles portões com a esperança de ver de lá sair a Revolução. E do medo que sentia quando via gente rondar a sua casa e da angústia de vê-la revistada e a família presa. Por isso, naquele dia de Abril, foram muitas as pessoas de Estremoz que lhe foram dar os parabéns. A minha avó de olhos de avelã e longos cabelos brancos, artesã, uma grande mulher que sempre viveu e morreu de pé. Que lia Lídia Jorge, cozinhava maravilhosamente e gostava de ter a casa cheia de gente. E que tantas vezes dizia, O que nós precisamos é de outro 25 de Abril. Assim é. E agora vou ouvir a Grândola, uma vez mais.

1 comment:

LMG said...

Um grande beijinho para ti, querida Joaninha! Força e coragem! Luísa