Wednesday, June 13, 2007

poesia popular

O meu avô António era um excelente contador de histórias. As personagens de Donelo assumiam uma dimensão quase irreal, como era o caso de uma mulher a quem chamavam Maria Raposa, vá-se lá saber porquê, talvez gostasse muito de galinhas. Uma vez, estava eu e o meu avô a passar pela casa da tal mulher e eu, com o meu belo sentido de oportunidade, lá perguntei ao meu avô, alto e bom som, se sempre era ali que vivia a Maria Raposa. "Está calada, que ela ouve bem", disse-me ele. Mas uma outra mulher ficou-me na memória, chamada Luísa, se esta não me falha. Poetisa popular ou simples invenção do meu avô, escreveu uns poemas minimalistas que passo a transcrever (e peço ajuda à minha tia e ao meu pai para me ajudarem a imortalizar o resto):

Atirei um limão correndo,
À tua porta parou.
Se a menina não me quer
Aqui há coisa.


Foi debaixo daquele carro
Que arranjei meu casamento
Anda cá carro da minha alma
Que te quero abraçar.

Indo eu por aí abaixo
Aos peixes com uma podoa
Vem de lá o Homem da escada
Quem tirou daqui este martelo?

2 comments:

Marta said...

"Oh vô, eu também tenho uma roxa!" - dizia a pequena Martocas. :)

ladybird said...

pois foi :)))