Monday, March 26, 2007

morangos de sabrosa

Quando perguntam ao meu pai de que terra é, ele costuma responder que é de uma pequena aldeia que nem sequer vem no mapa. Depois de insistir, ele lá responde que é de uma aldeia chamada Donelo, Concelho de Sabrosa. Foi de lá de tão longe que vieram os morangos que comprei ontem no supermercado, para matar saudades do creme de limão.
Donelo é uma pequena aldeia junto ao Douro, terra de gente fiel e dura (quem leu Miguel Torga percebe melhor o que é um transmontano, acho eu), de canalha a brincar no adro da igreja e a amadurecer ao ritmo das vindimas. Costumávamos passar lá as férias da Páscoa e uma outra semana no Verão. E o que nós adorávamos brincar com o meu avô António, sempre pronto para as nossas tropelias. Tenho muitas saudades dele, do imenso carinho que ele tinha quando brincava comigo e com a minha irmã, das engenhocas que ele construia, dos passeios que dávamos por entre as vinhas. Lembro-me que ele costumava fazer-nos uma espécie de gaita a partir do caule de uma planta (que já não me lembro qual); lembro-me de uns peixinhos do rio e de uma broa de milho que comi com ele numa tasquinha na Régua, junto ao rio Douro; e ainda (lembranças emprestadas) de passar por nós um burro quando estávamos a passear e eu dizer ao meu avô "olha, vô, um mémé". Ao que ele respondeu, que não, que era um burro. Mas eu, de tanto insistir, lá o convenci que era de facto, um mémé. Esta história é sempre contada para (re)provar a minha teimosia.

4 comments:

Marta said...

Quem é que é teimoso????

ladybird said...

és tu e o pai, eu não :)

Marta said...

Quem diz é que é!!!! :)

sara said...

avós da "terra firme" :)